25 de junho de 2007

Vai faltar água na Terra

Só ontem eu pude ler o material sobre Água mais cara. Quem assina o documento é o cientista Angel Gurris, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O texto trata, depois de uma revisão de todos os documentos, de análises e manifestos assinados por cientistas, quase todos detentores do Prêmio Nobel, e veio do Primeiro Mundo uma receita para evitar o desperdício de água e a poluição dos rios: cobrar mais caro por este bem, para evitar sede e guerras.

A reunião foi em Paris, quando os 30 países do organismo se disseram alarmados com as mudanças climáticas, que, se continuarem no mesmo ritmo dos últimos cinco anos, causarão uma tragédia para a humanidade.

Foi quando eu lembrei que se lá estivesse um dirigente ou diplomata leitor dos clássicos, poderia ter lembrado William Shakespeare (1564-1616): “Aqui tenho água honesta, muito fraca para ser pecadora e que na lama nunca atirou ninguém”. (Timão de Atenas, ato II).

O chamado mundo civilizado é o agressor que está lançando, a cada minuto, toneladas de lixo, resíduos mortais das indústrias e agrotóxicos para enlamear as águas.

Por isso que eu penso quem ousa hoje beber uma caneca de água de qualquer rio ou nascente do planeta, caso, em Belém, dos rios Guamá ou Pará?

Eu tive oportunidade de observar o levantamento do Ministério das Cidades que calcula que, só para tratamento e destinação adequada das redes de esgotos no Brasil, as obras exigem algumas dezenas de bilhões de dólares, o que nossa economia – apontada hoje como a 10ª do mundo – não tem condições de reunir em menos de 20 anos.

É quando eu concluo que a civilização é tecnologicamente cega: tanto pode servir ao bem como ao mal.

Ao mesmo tempo que dispõe da força descomunal do átomo para mandar a Terra pelos ares, não dispõe de uma proposta para tornar pura e potável águas poluídas. Como a globalização turbinou o capital rentista, que gera lucros espantosos – e lucrar não é nenhuma felonia –, veio de sua fonte pura (a OCDE) a única mágica capaz de impedir que 6,3 bilhões de seres humanos continuem envenenando as águas, um dos três bens essenciais para a vida humana, ao lado do ar e da alimentação: cobrar mais caro.

Do jeito que a vida anda, como será que os pobres e carentes vão poder pagar a cota mínima diária exigida per capita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 200 litros ao dia?

Sei não, mas não vai ser fácil....

4 comentários:

Anônimo disse...

Mas em Mocajuba vai faltar água, Lauande? ahahahaha

Anônimo disse...

Esse é um tema q nós vamos precisar discutir muito no futuro. Legal este alerta, camarada!

Anônimo disse...

Lauande
Juro que não entendo a gente , ser humano , fazemos uns troços que mandam gente pro espaço (custa uma baba ) ; fazemos guerra cá e acolá (custa outra baba ) ; agora grana pra fazer esgoto , tratar água nunca tem né verdade?? .Enquanto isso na terra do nunca um tal de Renan e um tal de Roriz ... bem deixa pra lá.
Ando dando uns pitacos no teu Blog onde cheguei via AK ,velho amigo de priscas eras do meu tempo de Bel, sou um ex quase paraense
Abs Tadeu

José Carlos Lima disse...

Lauande.
Felicito pela nota. É um debate que se faz necessário, principalemnte para nós amazonidas, que, pela abundãncia de água, temos dificuldade em acreditar que esse líquido precioso irá faltar em breve. Quem mora na beira de tantos rios e tanta água, se dá ao luxo de lavar calçada com água tratada
ou encher o Rio Guamá de geladeira, pneu velho e outros cacarecos mais. O Prefeito DUDU está dragando o Rio Guamá na cara dura para construir um tal portal da amazônia, a Amazonia, com letra maiúscula, não precisa de portal. Este portal parece, para o Gestor, mais importante que dar continuidade a rede de esgoto deixada por Antonio Lemos.
De novo, parabéns pelo debate.