8 de julho de 2007

Belém e seu crescimento de gente e de carro

Ontem eu vi e pensei o quanto Belém cresce desordenadamente. Ao sair quase às 3 da manhã de um bar de sexta pra sábado (bebendo com a Confraria Cachorrada e também com a presença do amigo Guedes), eu pude mais uma vez dizer que a noite de Belém é um exemplo notório do crescimento populacional. Exageradamente muita gente e muitos carros.

Belém desenvolve contraditoriamente com uma população que não tem onde morar e andar. O aumento da frota de carros em Belém é um dos exemplos disso. Às 7 da noite, só para exemplificar, no bairro do Entroncamento é um deus nos acuda todo santo dia. Porque há um fluxo populacional de carro e de gente que impressiona.

Mas Belém não é a única. Eu li no site da ONU que com 2,5 bilhões de habitantes a mais, em 2050 a população do planeta será de 9 bilhões. A estimativa é das Nações Unidas, alertando ainda que, até 2030, 5 bilhões de pessoas viverão nas cidades, o equivalente a 60% da população.

No ano em que o mundo ultrapassa uma marca de mais de 50% de seus 6,6 bilhões de moradores vivendo em centros urbanos, a ONU dedicou seu relatório anual Situação da População Mundial 2007 ao tema urbanização. O crescimento urbano ocorrerá quase que exclusivamente no mundo em desenvolvimento, onde, dentro de duas décadas viverão 80% da população das cidades.

Segundo a ONU, a população urbana nos países ricos aumentará em 100 milhões de pessoas, o equivalente a 11% da população urbana atual nesses países, enquanto na América Latina serão 200 milhões de moradores urbanos a mais, representando um aumento de 50% em relação ao panorama atual.

O cenário que se desenha, de explosão do crescimento em cidades dos países emergentes, levou os técnicos da ONU a alertar para a conseqüente explosão das favelas. Atualmente, 1 bilhão de pessoas vive em favelas, 90% das quais estão nos países em desenvolvimento e 40% na Índia ou na China.

No caso brasileiro, a maior parte desse boom se dará em cidades com menos de 500 mil habitantes. Mas isso pouco vai pesar em face do inevitável processo de conurbação.

Outro ponto que deve ser levado em conta é que a questão não se dará pela migração do campo para as cidades, e sim pelo próprio aumento das populações já residentes nelas.

Paralelamente à favelização, estará – ou já está – presente a encruzilhada do transporte. O descompasso entre os altos índices demográficos e os meios de circulação é flagrante, e não em pontos distantes do planeta, mas em nosso próprio quintal.

O exemplo disso é o que eu citei do aumento da frota de automóveis, isto é, a acelerada expansão do número de veículos particulares, em detrimento do transporte de massa. Em Belém com tamanha desse aumento, já se tropeça ou esbarra em todo o tipo de problemas urbanísticos. De pouco há para se festejar quando a cidade passa a ostentar este aumento sem planejamento.

Eu li, no jornal Folha de São Paulo, que recentemente na Rebouças, em SP, são quase três unidades para cada pessoa. Uma pesquisa mostrou, por outro lado, que 82% dos motoristas utilizam seus carros todos os dias. E não abre mão disso. Do universo de pesquisados, apenas 10% declararam estar dispostos, algum dia, a dispensar o veículo próprio e utilizar o transporte coletivo.

Pra resumir todo este meu texto, eu quero dizer que a população cresce em Belém e não tem nenhuma perspectiva de observar algo papável para melhorar seu planejamento porque nossa prefeitura sequer tem alguma proposta para pensar o que vai acontecer no final do ano, imaginem daqui a 20 anos.

Triste realidade!

Nenhum comentário: