15 de julho de 2007

O fortalecimento do mercado interno

Num domingo deste tranqüilo, eu leio sempre dados estatísticos societário. Meu amigo Edson Junior diz que isso é cacoete de sociólogo. Talvez seja mesmo.

Ontem e hoje eu fiquei o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). E tenho observado que o Brasil tem crescido com avanços qualitativos, mas no grosso das estatísticas ainda falta qualidade nos serviços básicos para população.

Eu quero começar dizendo que o consumo das famílias está aumentando no país, conforme atestam vários indicadores. O fato é atribuído à expansão do nível de emprego. E ao recuo da inflação, que amplia o poder de compra do povo.

O fortalecimento do mercado interno já é considerado um dos principais impulsionadores do PIB. Que, aliás, está crescendo bem: 4,3% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2006.

Mas não é em função desse cenário que se registra o aumento acentuado de gastos da população em serviços privados essenciais. É porque a qualidade do que é oferecido pelos Estados brasileiros deixa muito a desejar. O atendimento a algumas necessidades básicas destoa do processo evolutivo da economia.

Há até focos de involução. É o caso do transporte aéreo, que mergulhou num transtorno nunca antes visto.

No caso da aviação comercial, somente uma fatia ínfima da sociedade tem condição financeira para driblar o caos operacional dos aeroportos e fretar jatinhos ou helicópteros para o seu deslocamento. Mas outros serviços, de acesso não tão restrito, como plano de saúde e escola particular, apresentam procura crescente.

A segurança pública, com suas falhas clamorosas, constitui motivo de ampla preocupação por parte da sociedade. A busca de soluções tem constituído forte desafio para o poder público. E também exigido avanços na organização social.

Estudo divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que o brasileiro tem gastado mais, principalmente com dois tipos de serviços privados: educação e planos de saúde. Estes atendem a cerca de 25% da população, sendo que a maioria dos usuários (65%) tem contrato por meio de empresas privadas.

Grosso modo, os serviços clínicos e hospitalares na rede pública apresentam sintomas graves de precariedade. Quem a eles se submete é porque não tem outra alternativa.

Na área de educação, as despesas para realização de cursos regulares têm crescido em percentuais elevados nos últimos anos. O motivo principal dessa opção é a busca de qualidade no ensino.

A reprovação de escolas ocorre em todos os níveis. O Ideb (Índice do Desenvolvimento da Educação Básica) que está sendo divulgado é altamente preocupante. Em apenas 62 escolas públicas, de 18.653, isto é, 0,33% das avaliadas em todo o país, os alunos de 5ª a 8ª série têm uma educação de nível equivalente à média dos países desenvolvidos. Esses colégios são os únicos que obtiveram ou superaram a nota 5,5.

Mais de 50% dos brasileiros – cerca de 95,3 milhões – não têm sequer acesso a sistema de coleta de esgoto, e 35,3 milhões de pessoas não dispõem de rede geral de distribuição de água, conforme levantamento da Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base).

Esse quadro não muda da noite para o dia. Mas requer um debate de grande amplitude, em busca de procedimentos para acelerar discussões.

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