Eu comprei no sebo (apenas 5 reais) e neste final de semana eu li “A História Real. Trama de uma sucessão” do Gilberto Dimenstein e Josias de Souza (Editora Ática/Folha de São Paulo, 1994). Muito bom.
Não vou entrar no mérito sobre as formas maquiavélicas que FHC e o tucanato fizeram para ganhar a eleição de 1994.
O mérito deste meu artigo não é este. O que eu quero dizer é o seguinte: eu, em 1994, apoiei o Plano Real do então ministro Fernando Henrique Cardoso. Eu julgava (e ainda julgo) na época que a estabilidade econômica beneficiava o mundo do trabalho e necessitávamos de emergência que tivéssemos um plano de estabilização que controlasse a inflação porque é ela faz corroer o salário do trabalhador.
Muitos também disseram que aquele plano era eleitoreiro. Não era. Não era mesmo! Tanto que não era que até hoje somos beneficiados pelo ideário político dele.
Esse ideário nasce no regime de metas de inflação, hoje adotado por diversos países e que significou, a meu ver, um grande avanço nas políticas econômicas e facilitou a tarefa dos bancos centrais.
As autoridades monetárias continuam com a obrigação de assegurar a estabilidade da moeda, mas dentro de critérios realistas, avaliados na prática por todos os agentes econômicos.
Quando a política monetária é levada com seriedade, as expectativas que se formam no mercado acabam contribuindo positivamente para o alcance das metas.
No caso brasileiro, as metas foram fundamentais para o processo de desinflação, especialmente depois da adoção do sistema de câmbio flutuante, que, no primeiro momento, provocou uma forte desvalorização do real frente às moedas estrangeiras.
As metas iniciais foram ambiciosas e tiveram de ser ajustadas para que se tornassem factíveis. O alvo central de 4,5%, estabelecido para 2006, foi bastante razoável, pois as autoridades monetárias acreditavam que a resistência da inflação seria quebrada no momento em que a alta dos preços recuasse para menos de 5% ao ano.
E foi o que realmente aconteceu.
A economia brasileira ainda convive com o hábito da indexação, mas o impacto desses aumentos quase automáticos vem se diluindo, fazendo com que a força inercial da inflação - um dos principais fatores de resistência ao recuo dos índices - esteja perdendo força.
A maioria dos analistas de investimento projeta para este ano e para 2008 uma inflação abaixo de 4%, porque a conjuntura tem se mostrado favorável para tal.
Portanto, o Brasil hoje é um país que tem indicadores econômicos porque tem uma base diminuição inflacionária que faz com que tenhamos uma perspectiva de crescimento com maior segurança e que facilita para que tenhamos avanços, entre outras conjunturas, na baixa dos juros e no aumento do crédito.
E esse é um bom legado que eu nunca vou esquecer da era FHC.
Não vou entrar no mérito sobre as formas maquiavélicas que FHC e o tucanato fizeram para ganhar a eleição de 1994.
O mérito deste meu artigo não é este. O que eu quero dizer é o seguinte: eu, em 1994, apoiei o Plano Real do então ministro Fernando Henrique Cardoso. Eu julgava (e ainda julgo) na época que a estabilidade econômica beneficiava o mundo do trabalho e necessitávamos de emergência que tivéssemos um plano de estabilização que controlasse a inflação porque é ela faz corroer o salário do trabalhador.
Muitos também disseram que aquele plano era eleitoreiro. Não era. Não era mesmo! Tanto que não era que até hoje somos beneficiados pelo ideário político dele.
Esse ideário nasce no regime de metas de inflação, hoje adotado por diversos países e que significou, a meu ver, um grande avanço nas políticas econômicas e facilitou a tarefa dos bancos centrais.
As autoridades monetárias continuam com a obrigação de assegurar a estabilidade da moeda, mas dentro de critérios realistas, avaliados na prática por todos os agentes econômicos.
Quando a política monetária é levada com seriedade, as expectativas que se formam no mercado acabam contribuindo positivamente para o alcance das metas.
No caso brasileiro, as metas foram fundamentais para o processo de desinflação, especialmente depois da adoção do sistema de câmbio flutuante, que, no primeiro momento, provocou uma forte desvalorização do real frente às moedas estrangeiras.
As metas iniciais foram ambiciosas e tiveram de ser ajustadas para que se tornassem factíveis. O alvo central de 4,5%, estabelecido para 2006, foi bastante razoável, pois as autoridades monetárias acreditavam que a resistência da inflação seria quebrada no momento em que a alta dos preços recuasse para menos de 5% ao ano.
E foi o que realmente aconteceu.
A economia brasileira ainda convive com o hábito da indexação, mas o impacto desses aumentos quase automáticos vem se diluindo, fazendo com que a força inercial da inflação - um dos principais fatores de resistência ao recuo dos índices - esteja perdendo força.
A maioria dos analistas de investimento projeta para este ano e para 2008 uma inflação abaixo de 4%, porque a conjuntura tem se mostrado favorável para tal.
Portanto, o Brasil hoje é um país que tem indicadores econômicos porque tem uma base diminuição inflacionária que faz com que tenhamos uma perspectiva de crescimento com maior segurança e que facilita para que tenhamos avanços, entre outras conjunturas, na baixa dos juros e no aumento do crédito.
E esse é um bom legado que eu nunca vou esquecer da era FHC.
3 comentários:
O Lauande: isso que é um tucano de verdade!
Nobre Lauande,
Seguem algumas observações sobe o plano real:
No primeiro momento o PLANO REAL obteve resultados positivos, com controle da inflação e aumento da taxa de investimentos na economia. A crise de hiperinflação foi de fato debelada, EMBORA UMA PERSISTENTE INFLAÇÃO RESIDUAL TENHA SE MANTIDO: a inflação acumulada no Brasil nos onze primeiros anos do plano atingiu 165%, segundo pesquisa divulgada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas FIPE, através do IPC, Índice de Preços ao Consumidor.
No entanto, embora a desindexação da economia tenha obtido êxito, o ajuste fiscal (fundamental para corrigir o desequilíbrio nas contas do governo e assegurar o controle da inflação no longo prazo) FOI BASTANTE LIMITADO.
Nos anos seguintes o governo manteve o controle da inflação tendo como principal instrumento de política econômica a "âncora cambial", aliada a uma política de abertura econômica. A MANUTENÇÃO DE TAL POLÍTICA LEVOU A UM CRESCENTE DESEQUILÍBRIO FISCAL, A PONTO DE SE OBTER DÉFICIT PRIMÁRIO EM 1998.
Tal deterioração das contas do governo foi acompanhada por um grande crescimento da dívida pública, alavancada pela alta taxa de juros básicos utilizados pelo governo como forma de atração de capital estrangeiro.
Não há dúvidas quanto ao enfrentamento do Plano Real em relação ao controle da inflação. O país deixou de vivenciar taxas de inflação de quatro dígitos ao ano para conviver com taxas de um dígito ao ano.
Por outro lado, ao conter a inflação, DIVERSAS MAZELAS DA ECONOMIA BRASILEIRA FORAM EXPOSTAS. Diversos instrumentos e soluções propostas estão alinhados com o chamado modelo econômico neoliberal, que prega a desestatização da economia, a abertura comercial e financeira, a flexibilização das regras no mercado de trabalho e a busca de austeridade fiscal. A reforma da previdência, tributária, trabalhista e o controle dos gastos públicos, que, segundo este modelo, são a solução para não foram implantadas ou, no caso da previdência, foram implantadas apenas parcialmente. Por tais conterem medidas que, num primeiro momento, prejudicam alguns setores da sociedade, ainda são objeto de discussão política.
O mecanismo da URV foi o grande responsável pela desindexação da economia e pelo fim da memória inflacionária. Algumas medidas fiscais adotadas desde 1993, como o Fundo Social de Emergência, deram fôlego fiscal para implantação do Plano Real. Do outro lado, a utilização de elevadas taxas de juros foi causando a elevação da dívida interna, comprometendo a situação fiscal nos anos seguintes. O câmbio valorizado e a abertura comercial foram os responsáveis pelo controle da inflação após a implantação do plano, na medida em que colocaram os produtos nacionais em concorrência direta com os produtos importados.
O pilar básico do plano FOI A VALORIZAÇÃO ARTIFICIAL DA TAXA DE CÂMBIO, via utilização de elevadas taxas reais de juros, que vinham sendo praticadas desde 1993. Entretanto, apesar de exercer papel importante na queda da inflação, esta política foi responsável pela ocorrência de diversos problemas na economia.
Além disso, promoveu-se uma forte abertura comercial, baseada na queda das barreiras tarifárias e não tarifárias do país. Muitas dessas barreiras foram diminuídas a patamares previstos nos acordos brasileiros para vários anos mais tarde. Em muitos outros casos o país baixou suas barreiras a produtos de certos países SEM EXIGIR RECIPROCIDADE. No caso dos produtos primários isso é notório até os dias de hoje, quando ainda sofremos com diversas medidas protecionistas, disfarçadas de medidas anti-dumping ou de barreiras não tarifárias como normas sanitárias. É claro que a abertura comercial é bem vinda, na medida que proporciona aumento da concorrência e, conseqüentemente, melhoria dos produtos e queda nos preços. O que se critica em relação ao plano real é a velocidade e a magnitude do processo de abertura, além da aceitação passiva do governo das medidas protecionistas de países desenvolvidos contra os produtos brasileiros. Combinada com a valorização cambial, isto permitiu a entrada maciça de produtos importados que, por sua vez, acabaram por conquistar fatia importante do mercado interno. Muitas indústrias sofreram sérias dificuldades, o que ocasionou inúmeras falências e milhares de demissões. Os casos da industria têxtil e de brinquedos são exemplos do impacto negativo da política cambial e comercial.
Esta política levou à ampliação significativa do déficit externo brasileiro, fazendo com que o governo utilizasse as maiores taxas de juros reais da história do Brasil a fim de atrair capitais para financiar esse déficit. Como já vinha acontecendo antes do plano, as taxas de juros foram responsáveis pela atração de recursos externos que financiassem a expansão do déficit, além de funcionar como poderoso instrumento de manutenção do câmbio valorizado. Há que se lembrar que a elevada taxa de juros tornou-se maior ainda nos momentos de crise que o país experimentou nos últimos anos.
Em fins de 1998, dada a extrema vulnerabilidade das contas externas e a percepção do mercado de que ERA IMPOSSÍVEL SUSTENTAR POR MAIS TEMPO O CÂMBIO SOBREVALORIZADO, o Brasil foi obrigado a pegar o maior empréstimo da história do FMI (Fundo Monetário Internacional), no valor de US$ 40 bilhões. Esses recursos foram utilizados pelo governo para saldar as dívidas dos investidores externos que estavam aplicados no Brasil, especialmente nos títulos da dívida pública atrelados a taxa de juros Selic, que chegou ao auge de 45% ao ano neste período. Em janeiro de 1999 ocorreu a desvalorização do Real frente ao Dólar. O fato de o governo ter tomado essa medida após as eleições presidenciais onde o presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, derrotou o canditato Lula do PT no primeiro turno é entendido como manobra política.
Outro fator que ajudou a financiar o déficit externo foi a ampliação da entrada de investimentos diretos estrangeiros no país após a adoção do Plano Real. É claro que os benefícios disso são muitos, como a modernização do parque produtivo, a geração de empregos e renda e ampliação da concorrência. Por outro lado, existem diversos problemas como a desnacionalização, o crescimento da remessa de lucros e importações e o fato de que muitas dessas empresas não contribuem para o crescimento das exportações. Ao contrário, por atuarem no setor de serviços ou para não concorrerem consigo mesmas em outros países, trabalham somente no mercado interno.
A utilização de juros elevados resultou em alguns problemas que até hoje o governo luta para resolver. O PRIMEIRO FOI A EXPLOSÃO DA DÍVIDA INTERNA DESDE A IMPLANTAÇÃO DO PLANO REAL e, conseqüentemente, da despesa com juros. O SEGUNDO FOI O FRACO CRESCIMENTO ECONÔMICO APRESENTADO PELA ECONOMIA e, em conseqüência disto, o SUBSTANCIAL AUMENTO DO DESEMPREGO.
Assim sendo, tenho certeza de que outras alternativas econômicas seriam bem mais aprazíveis do que a implementação do plano no formato que ele foi implementado.
oswaldo chaves
oswaldochavesjr@ig.com.br
Caro Oswaldo,
Primeiro muito grato pelo comentário. Rico em conteúdo.
Segundo.Minha intenção foi apenas, apenas mesmos, dizer da importância do controle da inflação apartir do plano de estabilização do Real. O que vem em seguida, eu concordo, em grande parte com você.
Aquele abraço.
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