27 de dezembro de 2006

Os sectários contra o Estado Democrático de Direito.

Caros amigos,

Estive presente numa reunião que tinha membros do MST. Discutíamos os financiamentos do Pronaf. Lá pelas tantas um dirigente do MST disse que não acreditava mais nesse “tal de Estado Democrático de Direito”. Engraçado que semana passada, um dirigente da Federação dos Agricultores do Pará disse “que tudo virou baderna porque tudo vem do democratismo do Estado”.

Essas duas falas demonstram que o sectarismo sempre abominou o Estado Democrático de Direito porque quanto mais democracia, mas atinge os arrogantes e autoritários.
Eu penso que o Estado Democrático e de Direito é hoje a reunião de diversas identidades e interesses que vão muito além dos interesses clássicos da burguesia. Ser de esquerda é buscar manter intransigentemente o Estado de Direito. Tendo em vista isso, ser de esquerda é sim repelir manifestações e atos contrários aos preceitos democráticos.

Prá mim a democracia é substantivo e só. Ela não precisa de adjetivos. Do tipo proletária ou burguesa. Quanto mais democracia, mais revolucionária fica a condição humana. E o Estado de Direito faz parte desse processo de construção democrática.

Defender o Estado de Direito, assim sendo, é uma postura digna de um militante de esquerda. Isso porque, como todos nós sabemos, quem tem problemas para defender o Estado de Direito primeiramente é a própria direita paraense, que sempre teve uma história golpista. Defender liberdades individuais, coletivas é papel da esquerda, pois a direita aqui no Pará está caapomonga (bem dizia Florestan Fernandes) para desrespeitar e quando tem oportunidade, faz sem piscar um olho.

Mas aqui no Pará falta à maior parte da esquerda, tanto dos partidos políticos quanto dos indivíduos que se classificam como tal, a lucidez em perceber que a mobilização contra o Estado Democrático de Direito não é um tema divisionista, mas sim uma variável que deve ser levada em conta para se pensar o combate à pobreza e as alternativas de desenvolvimento paraense.


Ao MST, eu penso que radicalizar o processo democrático, a partir de suas próprias regras, uma vez que a democracia assim permite, parece ser um ato político mais razoável e conseqüente para qualquer movimento social que quer ser o representante da esquerda mais contemporânea.

Aquele abraço,
Lauande.

6 comentários:

David Carneiro disse...

Olá lauande! Gostei muito do seu blog. Concordo plenamente com você. Essa visão anti-estado tem custado muito cara para os movimentos sociais, pois os amarra apenas à condição de movimentos de pressão levando a uma própria carência nas formulações de como transformar o Estado. Acho que a revolução bolivariana é um grande exemplo de como conciliar a radicalização democrática com a ação revolucionária.

Espero você no meu blog tb.

Anônimo disse...

Lauande, muito boa tua visão. Você sabe que eu leio todo dia teu blog e ganho muito com tua visão de homem de esquerda. Essa de dizer que a democracia é somente substantivo é muito boa. É uma visão de quem acredita na pluralidade.

Anônimo disse...

Lauande,

A nota abaixo saiu publicada no Reporter Diario de hoje 27 de dezembro:

Gostei da iniciativa, quando um deputado trai a confiança de seus eleitores, seus apoiadores devem mesmo defesnestrá-lo.
O Jordy votando no Zeca Araujo foi o final de sua carreira.

Voce bem que podia comentar.

"Depois da confissão do deputado Arnaldo Jordy de que votou em Zeca Araújo para a vaga do TCM, um grupo de antigos eleitores seus está distribuindo carta na qual se desculpam por ter recomendado voto no parlamentar do PPS".

Eduardo André Risuenho Lauande disse...

Caro Anônimo, sou amigo do Jordy. Muito amigo e jamais faria isso de escrever para pessoas acusando o Jordy de traição. Jamais. Isso não é coisa de quem acredita na democracia com um ato de ação e pensante de pluralidade. Meu estilo é outro: completamente diferente. Hoje estamos em caminhos opostos na visão política da questão nacional e regional. Mesmo conjunturalmente opostos isso não quer dizer que ele seja meu adversário. Muito pelo contrário. Porque penso que o Jordy ainda vai ajudar muito na política paraense e brasileira.

Anônimo disse...

Amigo Lauande, sua postura é muito legal. De homem e de gente que acredita muito mais no diálogo. Sou já sou fã do teu blog.

Anônimo disse...

Realmente, o dia em que o PPS descobrir quem veio primeiro, se foi o ovo ou a galinha, talvez possa contribuir com alguma coisa para a história e política brasileiras. Agora com relação ao Jordy, vou utilizar uma expressão bem atual e jovem: "Fala sério!". Esse cara é um dos políticos mais oportunistas que tem aqui por essas bandas. Essa postura dele não me surpreende. Agora você, Lauande, poderia ser menos parcial, não acha? Até porque como diz o “filósofo” Falcão: político é político.