7 de janeiro de 2007

Desvalorização da vida

Caro amigo Pedro Anito,

Como prometido vou discordar aqui no blog um pouco da tua intervenção de hoje no nosso debate.

Veja meus argumentos.

A pesquisa de "Estatísticas do Registro Civil", divulgada pelo IBGE no mês passado (dezembro de 2006), mostra um retrato preocupante do País neste início do século 21. O IBGE simplesmente qualificou o número de mortes de jovens com idades entre 15 e 24 anos como uma "questão de saúde pública".

Concordo inteiramente.

Olha o que diz o relatório: "São óbitos plenamente evitáveis de pessoas que se encontram no auge de sua força laboral (de trabalho)", referindo-se às mortes causadas por acidentes de trânsito e assassinatos. Apesar de toda a importância dada pela opinião pública aos problemas de segurança pública e à carnificina no trânsito, os números exibidos pelo IBGE exigem mobilização ainda maior.

No momento, aí faço minhas discordâncias com as tuas, amigo Pedro, que os esforços governamentais não estão sendo suficientes.

Agora veja isso.

Em 1990, 14,17% das mortes ocorridas entre os homens eram motivados por causas externas, como homicídios, suicídios e acidentes de trânsito, por exemplo. No ano passado, o índice atingiu 16,31%. Entre as mulheres, no mesmo intervalo de tempo, o índice passou de 4,33% para 4,53%. Entre os homens, os jovens de 15 a 24 anos são os mais atingidos pelas mortes violentas. Isso é impressionante.

Caro amigo Pedro Anito, é impossível que a desvalorização de vida atinja tão elevado patamar. Todos os esforços para a melhoria de qualidade de vida da população, em prol do avanço da longevidade, do combate à mortalidade infantil - a própria pesquisa do IBGE aponta a redução no número de mortes de crianças -, enfim, da construção de um país melhor, acabam se esvaindo em estatísticas aterradoras.

Ainda mais dramática, como afirmou o IBGE, é a circunstância de que as mortes são evitáveis. Para evitar a mortandade, seriam necessárias as adoções de políticas públicas efetivas na segurança pública e trânsito.

Em média, todos os dias morrem quase doze paraenses em conseqüência de homicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas, suicídios, queimaduras e demais causas externas. Além de todo o sofrimento provocado pelas perdas em milhares de familiares e amigos, as mortes por causas externas implicam imensos prejuízos econômicos.

Mesmo assim, os números não arrefecem, e a sociedade não parece compreender a dimensão do problema. A vida, o bem mais valioso da humanidade merece muito mais respeito. A pesquisa do IBGE apenas mostra a desvalorização de um bem tão importante: a vida da condição humana. Por esses motivos que avalio essas questões no âmbito da saúde pública. Essa é minha opinião.

Como quero respeitar sua opinião, coloque aqui no blog a sua réplica e poderemos continuar e divergir democraticamente muito mais.

Aquele abraço,
Lauande.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lauande, muito esclarecedor este teu artigo.

Anônimo disse...

Lauande,
Então, nós mulheres, temos razão: está faltando homem no mercado! E o pior, eles desaparecem por culpa deles, e nós ficamos na mão(literalmente).Pode?!
O Estado precisa fazer algo. E nós, mulheres, vamos fazer a nossa parte: mostrar que tem coisa melhor do que volante com cerveja, do que faca com birita, etc.

Anônimo disse...

Excelente! Lauande! Muito bom teu texto.