18 de junho de 2007

Os genéricos de anticoncepcionais

Ontem eu vi palestra do meu amigo e sociólogo Pedro Antunes. Muito boa, por sinal. Ele abordou sobre os medicamentos e poder público no Brasil.

Pedro Antunes avisou-nos que está vigor no Brasil uma resolução que permite aos laboratórios farmacêuticos solicitar o registro de genéricos de anticoncepcionais orais.

A permissão, que foi dada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), talvez seja um dos primeiros passos, segundo Pedro Antunes, para que o planejamento familiar no país se torne uma realidade, já que hoje a maioria da população de baixa não tem acesso a esse tipo de contraceptivo, apesar do governo federal "jurar" que o medicamento está disponível em todas as unidades públicas de saúde.

O sociólogo bicolor opinou que o genérico é uma cópia fiel do produto de marca e atualmente, existem 13 anticoncepcionais orais na lista de medicamentos de referência passíveis de cópia. Antes da resolução a fabricação do genérico de contraceptivo oral não era permitida no Brasil, porque a metodologia utilizada para a dosagem (quantificação do princípio ativo) ainda não estava estabelecida.

Pedro Antunes enumerou que para as consumidoras das pílulas o acesso à versão genérica vai representar economia de pelo menos 35% na compra do medicamento. Ainda não é o ideal, mas tornará o anticoncepcional mais acessível, já que hoje existem marcas no mercado que chegam a custar R$ 50, para quem recebe por mês um salário mínimo a aquisição se torna inviável.

Vale ressaltar, porém, eu opino que não basta o governo federal criar genéricos de contraceptivos se não começar a fazer junto a população de baixa renda uma campanha estimulando a usá-lo. Sem instrução, um grande número de mulheres toma a pílula de maneira incorreta e acaba engravidando.

Eu tenho observado com amigas e que muitas perdem a confiança no medicamento e têm resistência em usar novamente, tendo uma gravidez seguida da outra. Basta ir a periferia para encontrar mulheres com menos de 30 anos com até cinco filhos, sem a mínima condição financeira de criá-los.

Essas mulheres não precisam apenas de pílula, mas também de orientação, acompanhamento e informação, daí a importância de se oferecer uma saúde de qualidade neste país e que esteja ao alcance de todos.

Enquanto mulheres ficarem na fila durante uma semana e demorarem mais de um mês para conseguirem ter uma consulta com um ginecologista da rede pública de saúde, não haverá planejamento familiar neste país, mesmo que as pílulas anticoncepcionais sejam distribuídas gratuitamente em todas as esquinas do Brasil.

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