Na edição do Jornal Pessoal que circulou ontem Lúcio Flávio Pinto prestou sua homenagem ao Eduardo Lauande com o texto abaixo.
A voz que não morre
Eduardo Lauande abriu sua tenda no mundo. Tinha o largo espírito avarandado de suas origens, circulando como um beduíno por todos os lugares, em cada um deles deixando sua marca de alegria, desprendimento e generosidade. Sua morte, aos 41 anos, no final do mês passado, foi um ultraje à sua vida. Foi assassinado com dois tiros por um dos dois assaltantes que investiram contra sua esposa, a quem tentara defender. Disparos feitos deliberadamente para matar. Bastaria ao bandido um golpe de mão para se livrar do inesperado atacante e fugir, ainda levando o butim da ofensiva. Mas como a vida vale pouco, ou nada, achou de punir o cidadão com a pena máxima, ao alcance do seu capricho, do poder absoluto que essas pessoas violentas se conferem numa sociedade que não se dá conta do valor singular da vida humana – e não a defende com os meios possíveis, desejáveis, necessários.
Lauande foi morto em frente à casa onde morava, da mãe. Recém-saído de um cargo importante na Secretaria de Planejamento do Estado, se locomovia em ônibus e táxis, por não dispor de condução própria. Sua residência era num bairro popular, o Marex, que confina com uma área de invasão, cenário para um ambiente de tensão permanente, que freqüentemente resulta em violência, sangue e morte.
Lauande abstraía essas condições para manter seu modo de viver, sempre aberto às festividades, do corpo e do espírito. Merecia uma morte digna: depois de viver bastante, intensamente, como sempre fez, e ao lado dos muitos e firmes amigos. O encontro final foi precoce e triste, mas todos estavam lá. Chocados, indignados, revoltados, mas ao lado do cidadão que congregou tanta e tão dispare gente com sua tenda de amizade, ampla e incondicional.
Essa morte foi um atestado da barbárie que impera na cidade e não um retrato de Lauande. O retrato que temos dele – e que ficará conosco para sempre – é exatamente o oposto: a consagração do valor único da vida. Uma lição que cumpre agradecer e exaltar. Foi o recado silencioso e definitivo do ruidoso Eduardo André Risuenho Lauande.
Eduardo Lauande abriu sua tenda no mundo. Tinha o largo espírito avarandado de suas origens, circulando como um beduíno por todos os lugares, em cada um deles deixando sua marca de alegria, desprendimento e generosidade. Sua morte, aos 41 anos, no final do mês passado, foi um ultraje à sua vida. Foi assassinado com dois tiros por um dos dois assaltantes que investiram contra sua esposa, a quem tentara defender. Disparos feitos deliberadamente para matar. Bastaria ao bandido um golpe de mão para se livrar do inesperado atacante e fugir, ainda levando o butim da ofensiva. Mas como a vida vale pouco, ou nada, achou de punir o cidadão com a pena máxima, ao alcance do seu capricho, do poder absoluto que essas pessoas violentas se conferem numa sociedade que não se dá conta do valor singular da vida humana – e não a defende com os meios possíveis, desejáveis, necessários.
Lauande foi morto em frente à casa onde morava, da mãe. Recém-saído de um cargo importante na Secretaria de Planejamento do Estado, se locomovia em ônibus e táxis, por não dispor de condução própria. Sua residência era num bairro popular, o Marex, que confina com uma área de invasão, cenário para um ambiente de tensão permanente, que freqüentemente resulta em violência, sangue e morte.
Lauande abstraía essas condições para manter seu modo de viver, sempre aberto às festividades, do corpo e do espírito. Merecia uma morte digna: depois de viver bastante, intensamente, como sempre fez, e ao lado dos muitos e firmes amigos. O encontro final foi precoce e triste, mas todos estavam lá. Chocados, indignados, revoltados, mas ao lado do cidadão que congregou tanta e tão dispare gente com sua tenda de amizade, ampla e incondicional.
Essa morte foi um atestado da barbárie que impera na cidade e não um retrato de Lauande. O retrato que temos dele – e que ficará conosco para sempre – é exatamente o oposto: a consagração do valor único da vida. Uma lição que cumpre agradecer e exaltar. Foi o recado silencioso e definitivo do ruidoso Eduardo André Risuenho Lauande.
Obrigado, Lúcio Flávio.
Postado por JOSÉ DE ALENCAR
4 comentários:
Caros integrantes do Movimento Lauande Vive,
Como amiga do Lau, do qual guardo uma simpatia profunda, queria me colocar à disposição do movimento para ajudar no que for possível, seja integrando essa militância "errante" como diria o saudoso, seja contribuindo com meu trabalho profissional.
O sacrifício de uma (ou mais) vida (s) não pode ficar em vão. O medo não pode nos calar. Viva Lauande!
Precisando, estou à disposição. O Edson Júnior tem o meu mail e celular.
Um forte abraço!
Enize Vidigal
Lucio Flavio parabéns por suas palavras "é exatamente o oposto: a consagração do valor único da vida. Uma lição que cumpre agradecer e exaltar".Este era nosso saudoso e amigo Eduardo. Apenas o tempo a de amainar tanta suadade de suas ideias e opiniões. Viva Lauande
Muito obrigado, Enize.
Mande-me uma mensagem (jose.alencar@trt8.gov.br) para ajustar sua participação.
Abraços do
Alencar
Caro Lúcio Flávio,
Gostaria de registrar inicialmente que é uma honra interagir com você neste blog. Desejo e espero que, de quando em quando, você possa nos brindar com suas argutas e exclusivas percepções do complexo e inquietante cenário conjuntural do Pará.
A propósito de seu texto sobre nosso amigo Lauande, saltou-me os olhos, sua definição ímpar para ele: "Tinha o largo espírito avarandado de suas origens". AVARANDADO, que interessante metáfora!. Uma única palavra sua e pensei em nosso modo-de-ser-paraense, muito típico também do Lauande, hospitaleiro, acolhedor. Ele era paraensíssimo, vasto o bastante para nos deixar a vontade, com ele podíamos relaxar, brincar ou refletir, tal como podemos fazer numa varanda. Ou ainda, como ele nos dizia sempre - agasalhava a todos indistintamente.
Uma grande, agradável e calorosa VARANDA. Era isso mesmo que Lauande era, também (...)
Para você, Lúcio Flávio Meu Acolhedor Abraço pela honra de tê-lo enfileirado neste Movimento Lauande Vive,
Nely
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