Da imprensa local surge a informação de que a Polícia Civil já teria identificado os dois assassinos do sociólogo Eduardo Lauande, cruelmente executado num assalto na noite da última quinta-feira, 26. É óbvio que é um fato que merece ser acompanhado com a máxima atenção, porque os criminosos precisam, o quanto antes, ser presos e submetidos a julgamento nos limites máximos permitidos pela lei. Porém, enganam-se os que imaginem que isso seja suficiente. No banco dos réus – que deverá existir para que não se consagre a odiosa impunidade tão presente neste tipo de crime – estarão faltando muitos outros culpados, estes ocultos, invisíveis, mas verdadeiramente responsáveis pela situação de caos social que constitui o caldo de cultura de uma barbárie que ameaça engolfar a todos.
Além dos autores materiais do crime existem os que manejaram as cordinhas de um espetáculo grotesco que condena gerações de jovens brasileiros à desesperança e à banalização da violência criminosa, algozes e reféns a um só tempo. Sob a proteção de cercas eletrificadas, fechadas em suas bolhas de segurança armada, estas “pessoas de bem” continuam na roleta russa de um futuro sombrio e desbotado de toda felicidade coletiva. Não percebem que sob o manto da opulência e do desperdício repousa um barril de pólvora prestes a explodir.
Os rapazes pobres de uma área de ocupação da Marambaia – apontados pela Polícia como autores do latrocínio – eram quase vizinhos de Lauande. Provavelmente não sabiam que durante muitos anos, por aquelas mesmas ruas que exalam abandono e desespero, caminhou um homem que abraçara a missão de transformar o mundo e extirpar dele as verdadeiras raízes de toda violência, a vergonhosa desigualdade que nos submete há tantos séculos. Isto confere um toque ainda mais trágico a esta perda irreparável.
Passada quase uma semana da tragédia é indispensável que as autoridades aumentem a eficácia das providências para chegar aos culpados. Que a legião de amigos e amigas de Lauande tenha força na cobrança para que o crime não caia no esquecimento sob o impacto de novas e recorrentes atrocidades urbanas. Mas, ao mesmo tempo, que este momento de profunda tristeza se transforme em fermento na denúncia de um modelo desumanizante e reprodutor da miséria e da desigualdade, fontes primordiais da esgarçamento do tecido social que coloca sob risco o nosso futuro.
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Um comentário:
Putz! A 'esquerda' não renova esse discurso da miséria, dos jovens abandonados, vítimas do mundo cruel... Blá, blá, blá... A solução virá com o socialismo/comunismo, com Cristo Jesus em carne e osso ou quando o arauto for eleito no próximo pleito... Nesses casos concretos, não adianta passar a mão na cabeça de bandido nem tampouco relativizar a violência com teorias arcaicas e defasadas, é preciso descer o sarrafo! Adotar a Tolerância zero! Lugar de marginal assassino é na cova!
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