7 de agosto de 2007

O Homem !

“Em acréscimo às condições sob a qual a vida é dada ao homem na Terra, e parcialmente por causa delas, o homem constantemente criou suas próprias condições, que, apesar de suas origens e variabilidade humana, possuem o mesmo poder condicionador das coisas naturais".

Hannah Arendt ( (1906-1975)

O HOMEM: AS VIAGENS
(Drummond)

O homem, bicho da Terra tão pequeno,
chateia-se na Terra,
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
pisa na lua
planta bandeirola na lua
experimenta a Lua
civiliza a Lua
coloniza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte – ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte,
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado!
Vamos a outra parte?
Claro – diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto – é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com a injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para te ver?
Não – vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
do solar a colo
-nizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
por o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de conviver.

Beijos de Cris Moreno.

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