12 de setembro de 2007

BIN LADEN, O GRANDE ELEITOR

Por ocasião do aniversário de seis anos dos lamentáveis atentados de 11 de setembro, reproduzo texto do Lauande acerca da influencia dos atos terroristas nas eleições de alguns países. O texto é datado de 19/03/2004.

Edson Junior

Mestre Hércules Corrêa,

1-Analistas de política internacional estão concluindo, em diferentes partes do planeta, que o líder guerrilheiro Osama bin Laden pode se transformar no grande eleitor, com peso decisivo nas principais democracias do mundo, em particular nos Estados Unidos e Europa, com ações semelhantes às perpetradas em Madri a três dias apenas das eleições gerais na Espanha, em cujo resultado influiu direta e radicalmente.

2-Depois de oito anos de mandato positivo, em que o crescimento da economia espanhola foi surpreendente e vigoroso, o primeiro-ministro José María Aznar preparava-se para garantir a manutenção do Partido Popular (PP) no governo, com a eleição relativamente fácil de seu candidato. Não foi o que se registrou, ensejando a volta ao poder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), cuja grande última figura foi Felipe Gonzáles.

3-As bombas explodiram a estabilidade política da Espanha, além de mostrar à opinião pública que o terrorismo pode influir e muito em inesperadas reviravoltas eleitorais. O objetivo da Al-Qaeda era "castigar" o governo de Aznar, aliado de primeira hora dos Estados Unidos na guerra de demolição do Iraque, e punir o povo espanhol pelo engajamento em torno dos interesses do presidente George Bush. Nem mesmo o bom desempenho da economia e o crescimento da renda e emprego nos últimos oito anos impediram que os eleitores manifestassem maciço repúdio ao envolvimento da Espanha na guerra do Iraque.

4-Essa conclusão sobre a estratégia de Bin Laden nos atentados de Madri é que assombra ainda mais os europeus, pois demonstra que o líder guerrilheiro islamítico refugiado nas montanhas do Afeganistão está em condições de operar mudanças significativas em cenários eleitorais nas principais democracias européias ou mesmo nos Estados Unidos. Como a eleição presidencial americana se aproxima e ocorre em data pouco depois do 11 de setembro, um novo atentado contra os Estados Unidos pode, sim, a exemplo do que ocorreu na Espanha, influir no resultado das urnas. E tirar George Bush da Casa Branca, obviamente, é o objetivo número um de Osama bin Laden.

5-O perigo do terror da Al-Qaeda, portanto, adquiriu ainda maior envergadura e dimensões. Agora alcança o comportamento dos eleitores em qualquer democracia do planeta, além de contribuir para gerar enorme intranqüilidade e insegurança em milhões de pessoas em todo o mundo. O grande eleitor, que se personifica em Bin Laden e seus tentáculos de terror e medo, lembram o Grande Irmão de George Orwell, que tudo vê e tudo ouve, invadindo a privacidade e a mente de todos os cidadãos.

6-Os atentados de Nova York em 11 de setembro de 2001 chocaram o mundo e de certa maneira introduziram o terror como a mais terrível arma do século 21. Mas a explosão de bombas em Madri, exatos dois anos e meio depois, está revelando um cenário ainda mais dantesco, na medida em que pode determinar mudanças dramáticas na democracia, o regime político desenvolvido pelo homem desde a Grécia clássica, há 2.500 anos. O confronto entre Ocidente e Oriente e as guerras religiosas - indicam os fatos - estão começando. E suas primeiras manifestações são mais do que inquietantes.

7-E triste para democracia.

Aquele abraço,

Lauande.

Um comentário:

Yúdice Andrade disse...

O que não diria Lauande, hoje, com o escândalo nacional chamado Senado Federal? Outro imenso ataque à democracia.