Mestre Hércules Corrêa,
1-Analistas de política internacional estão concluindo, em diferentes partes do planeta, que o líder guerrilheiro Osama bin Laden pode se transformar no grande eleitor, com peso decisivo nas principais democracias do mundo, em particular nos Estados Unidos e Europa, com ações semelhantes às perpetradas em Madri a três dias apenas das eleições gerais na Espanha, em cujo resultado influiu direta e radicalmente.
2-Depois de oito anos de mandato positivo, em que o crescimento da economia espanhola foi surpreendente e vigoroso, o primeiro-ministro José María Aznar preparava-se para garantir a manutenção do Partido Popular (PP) no governo, com a eleição relativamente fácil de seu candidato. Não foi o que se registrou, ensejando a volta ao poder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), cuja grande última figura foi Felipe Gonzáles.
3-As bombas explodiram a estabilidade política da Espanha, além de mostrar à opinião pública que o terrorismo pode influir e muito em inesperadas reviravoltas eleitorais. O objetivo da Al-Qaeda era "castigar" o governo de Aznar, aliado de primeira hora dos Estados Unidos na guerra de demolição do Iraque, e punir o povo espanhol pelo engajamento em torno dos interesses do presidente George Bush. Nem mesmo o bom desempenho da economia e o crescimento da renda e emprego nos últimos oito anos impediram que os eleitores manifestassem maciço repúdio ao envolvimento da Espanha na guerra do Iraque.
4-Essa conclusão sobre a estratégia de Bin Laden nos atentados de Madri é que assombra ainda mais os europeus, pois demonstra que o líder guerrilheiro islamítico refugiado nas montanhas do Afeganistão está em condições de operar mudanças significativas em cenários eleitorais nas principais democracias européias ou mesmo nos Estados Unidos. Como a eleição presidencial americana se aproxima e ocorre em data pouco depois do 11 de setembro, um novo atentado contra os Estados Unidos pode, sim, a exemplo do que ocorreu na Espanha, influir no resultado das urnas. E tirar George Bush da Casa Branca, obviamente, é o objetivo número um de Osama bin Laden.
5-O perigo do terror da Al-Qaeda, portanto, adquiriu ainda maior envergadura e dimensões. Agora alcança o comportamento dos eleitores em qualquer democracia do planeta, além de contribuir para gerar enorme intranqüilidade e insegurança em milhões de pessoas em todo o mundo. O grande eleitor, que se personifica em Bin Laden e seus tentáculos de terror e medo, lembram o Grande Irmão de George Orwell, que tudo vê e tudo ouve, invadindo a privacidade e a mente de todos os cidadãos.
6-Os atentados de Nova York em 11 de setembro de 2001 chocaram o mundo e de certa maneira introduziram o terror como a mais terrível arma do século 21. Mas a explosão de bombas em Madri, exatos dois anos e meio depois, está revelando um cenário ainda mais dantesco, na medida em que pode determinar mudanças dramáticas na democracia, o regime político desenvolvido pelo homem desde a Grécia clássica, há 2.500 anos. O confronto entre Ocidente e Oriente e as guerras religiosas - indicam os fatos - estão começando. E suas primeiras manifestações são mais do que inquietantes.
7-E triste para democracia.
Aquele abraço,
Lauande.
Um comentário:
O que não diria Lauande, hoje, com o escândalo nacional chamado Senado Federal? Outro imenso ataque à democracia.
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