13 de setembro de 2007

Violência

Reiterando a homenagem à sociedade paraense pela perda noticiada hoje pelo camarada Edson Júnior, posto um texto do Lauande datado de 24/06/2004.

1-Na condição de sociólogo sempre observei que a violência, que tem um custo social e psicológico conhecido, que produz tristeza e luto e que gera intranqüilidade, tem também um custo econômico terrível para a sociedade. Li na Folha de São Paulo que a Organização Mundial da Saúde fez essa conta.

2-No Brasil, a violência consome 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, inacreditáveis R$ 160 bilhões. Apenas com os cuidados de saúde são gastos recursos que chegam a 1,9% do PIB, uma taxa que é das mais altas da América Latina, 10 vezes maior, por exemplo, que a do México.

3-Mesmo que o nível da violência brasileira não chegue aos extremos da Colômbia, onde um quarto da riqueza é despendida nesse item, ainda assim ela é insuportável para um país carente de recursos para investir em atividades que gerem emprego e renda.

4-O estudo da OMS coincide, em maior ou menor grau, com os resultados de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que, há alguns anos, dimensionava os alarmantes reflexos da violência sobre a sociedade brasileira.

5-A principal causa da morte de homens no Rio de Janeiro não é nem o câncer nem as doenças cardíacas, mas os homicídios. Os assassinatos lideram também a causa de óbitos entre homens de 15 a 44 anos em São Paulo. Essa realidade se reflete sobre a economia brasileira e latino-americana de maneira direta e múltipla.

6-Em primeiro lugar, no caso das mortes, ceifa ou parte importante da força de trabalho quando ela está em pleno vigor. Além disso, ainda segundo os estudos, há o peso de cerca de 30 milhões de roubos ou furtos, a necessidade de investimentos em segurança, a mobilização de recursos humanos e financeiros na estrutura da saúde e a repercussão da violência sobre o sistema previdenciário.

7-Preocupação com o mesmo tema levou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) a identificar problemas como porte de armas, consumo de drogas, corrupção, crime organizado, má educação no trânsito e, claro, concentração da renda como causas evidentes da construção do ambiente que favorecem a eclosão da violência. A persistência de uma sociedade violenta impede que se lancem bases para uma vida civilizada. Arma-se assim um círculo vicioso que precisa ser rompido, sob pena de se condenar o futuro a repetir as dificuldades do presente.

8-Entre os caminhos possíveis, o BID propunha políticas mistas: ao lado de um esforço por mudanças estruturais - capazes de reverter o quadro de ignorância, desigualdade e pobreza -, a adoção de ações diretas e específicas na área de segurança, tendentes a proporcionar condições mínimas para que a sociedade evolua protegida do crime e de seus efeitos e estimulada a progredir.

9-Neste sentido, os estudos da OMS e do BID sugerem algo que os estrategistas brasileiros devem ter presente: que os recursos aplicados na prevenção da violência precisam ser entendidos não como gastos, mas como investimento.

Aquele abraço,

Lauande.

Postado por Diego Sarmento
Abraços!

Um comentário:

Anônimo disse...

Mãe de Babalu, quer vender a casa para tira-lo da cadeia. Fiquem de olho !! Não deixem que isso aconteça.