No apoio aos ditadores do Regime Militar de 1964, ou na eleição de Oziel Carneiro (1982), ou na eleição de Sahid Xerfan (1990), ou nas eleições do tucanato, as ORM foram sempre “meninas de recado” de um comando político.
Com a perda de seu patrocinador e maior aliado governamental, o tucanato, hoje as Organizações Rômulo Maiorana (ORM) dizem que fazem jornalismo.
Será?
Só depois que acabou a mamata é que as ORM tentam praticar jornalismo?
Claro que não!
Jornalismo é ter ética na hora de noticiar e ouvir as partes. Se quer ter juízo de opinião, logo tem todo direito de fazer um editorial e dizer respeitosamente o que pensa. Acontece que na hora de publicar tem que procurar e informar os dois lados da moeda.
Escrevo isto porque uma pessoa séria escolhe este ou aquele estabelecimento por causa dos bons preços ou do bom atendimento tudo dentro dos princípios da legalidade e da ética. Não há nada no marco democrático, além do interesse próprio, que mova pessoas, empresas, entidades ou nações a escolher isto em vez daquilo.
Porém, às vezes esses interesses são maquiados por conceitos de nomes muito simpáticos. Na verdade, defender interesses próprios não é intrinsecamente ruim ou bom; ruim é escondê-los sob a cortina do bom-mocismo.
Por isso, não acredito e nunca acreditei que pudesse existir uma verdadeira filantropia nas ORM. Nestas organizações, as “trocas” acontecem com base em interesses não muitos declarados e algumas vezes descaradamente declarados.
Repito: isso ficou bem claro no período do governo do tucanato que beneficiou as ORM porque recebeu delas ditos serviços ou produtos. A justificativa foi que as ORM ofereceram “serviços especiais” a um cliente porque recebe dele dinheiro ou boa (!!!) publicidade. O Convênio da FUNTELPA com as ORM foi um exemplo disso.
Nesse mosaico antidemocrático, as ORM podem ser tomadas como um exemplo do mau uso de boas causas. Enganam-se, deste ou desse ou daquele modo, aqueles que pensam que o objetivo principal das ORM é informar e noticiar com objetividade e imparcialidade.
Posso citar a cizânia entre a Companhia Vale do Rio Doce e as próprias ORM. Quando a Vale deixou de patrocinar alguns eventos das ORM e ainda por cima cobrou algumas faturas não efetivadas pelos Maiorana, logo tivemos a oportunidade de ver uma luta ferrenha entre essas duas organizações empresariais. Não sei que tinha razão nessa história, mas sei que depois da ruptura com a Vale “virou a pior empresa do Brasil”, meses depois de um novo acordo, a mesma Vale novamente voltou a ser uma empresa que tem “responsabilidade social com o Pará”. Essa é a visão empresarial das ORM.
Podem-se conciliar esses dois fatores (dinheiro e ética)? Sim, claro que sim. Meu camarada Lúcio Flávio Pinto é um exemplo.
Portanto, convenhamos, o que aconteceu no exemplo com a Vale é um carecimento de ética e uma tremenda falta de respeito com seu leitor. Contudo, eu tenho que dizer que isto é o que faz a maioria das empresas de comunicação aqui no Pará e no Brasil. Por conseguinte, o que move as ORM é o dinheiro e não a ética. Não há uma causa social ou uma ideologia fundamental que sustente os trabalhos das ORM.
O vazio conceitual das ORM poderia ser uma grande vantagem se elas se convertesse em liberdade individual para seus profissionais. O que ocorre, no entanto é totalmente dessemelhante. Diante da falta de direcionamento ético, jornalistas das ORM preferem a comodidade de submeter seus trabalhos à contabilidade da empresa. A ética jornalística não deixa de ser importante neste caso, ela apenas é subjugada por critérios outros, como a audiência, as vendas e o bom nome da empresa e seu poder de influenciar.
Eu faço esta assertiva porque faz muita diferença ler um jornal imaginando estar diante dos fatos mais importantes do dia e lê-lo percebendo em cada linha a mão pesada do departamento financeiro. No primeiro caso, acreditamos que a imprensa noticia a realidade. No segundo caso, vemos que ela filtra a realidade conforme suas próprias inclinações. Às vezes a notícia e o teor da notícia correspondem aos fatos que ela pretende informar, mas trata-se de uma coincidência, pois neste caso também se observa a submissão às leis de mercado, porque é rentável e de bom-tom não interferir em notícias tão precisas quanto os resultados dos jogos de futebol ou as cotações da bolsa.
Contudo, na época do tucanato era geralmente nos assuntos menos precisos que o peso das empresas de comunicação faz os maiores estragos. Se o seu time venceu o jogo mais recente e um jornal resolve criticar as falhas da zaga em vez de destacar os pontos conquistados, não se trata de um erro sério. Mas sem, para citar um exemplo recente, a imprensa não hesita ao apedrejar o mesmo dirigente que ajudou a colocar no poder, sem reconhecer nisso qualquer contradição, a história é diferente.
Algo semelhante ocorreu com a Rede Globo. Até onde minha memória pode alcançar -- a época do presidente Figueiredo - a TV carioca sempre apoiou o governo federal. Jamais nutriu qualquer tipo de conflito e se o fez em algum momento foi apenas para defender, com unhas, dentes e ferocidade, o nome da Rede Globo, que, como todos sabem, é maior do que qualquer pessoa, partido ou governo.
Nas eleições de 1989 a bola da vez era Fernando Collor -- a Globo o apoiou. Tão logo surgiram as primeiras denúncias de irregularidades sobre seu governo a mesma Globo que ajudou em sua eleição pôs-se a serviço da oposição e dos caras-pintadas.
Por quê?
Primeiro porque Collor tornou-se o lado mais fraco; fruta podre, ele cairia de qualquer forma -- torcer apenas para times vencedores é garantia de satisfação constante. Segundo porque, embora fosse uma patifaria das mais grossas, a contradição não seria percebida pelo público. Com a complacência dos espectadores e os benefícios da trairagem, a Rede Globo não teve dúvidas sobre qual direção seguir.
Nestes casos, como em muitos outros, a imprensa está do seu próprio lado. O que ela chama de imparcialidade na verdade é conveniência e rentabilidade. Quando a imparcialidade deixar de ser rentável, a maioria dos jornais serão parciais.
Até que isso aconteça, o jornalismo das ORM continuará sendo uma troca de favores, um triste comércio de benefícios e influências. Ao leitor, resta dispensar ou pelo menos não levá-las tão a sério.
E é por isso e por outras que coloco como paradigma o Jornal Pessoal do meu camarada Lúcio Flávio Pinto.
Com a perda de seu patrocinador e maior aliado governamental, o tucanato, hoje as Organizações Rômulo Maiorana (ORM) dizem que fazem jornalismo.
Será?
Só depois que acabou a mamata é que as ORM tentam praticar jornalismo?
Claro que não!
Jornalismo é ter ética na hora de noticiar e ouvir as partes. Se quer ter juízo de opinião, logo tem todo direito de fazer um editorial e dizer respeitosamente o que pensa. Acontece que na hora de publicar tem que procurar e informar os dois lados da moeda.
Escrevo isto porque uma pessoa séria escolhe este ou aquele estabelecimento por causa dos bons preços ou do bom atendimento tudo dentro dos princípios da legalidade e da ética. Não há nada no marco democrático, além do interesse próprio, que mova pessoas, empresas, entidades ou nações a escolher isto em vez daquilo.
Porém, às vezes esses interesses são maquiados por conceitos de nomes muito simpáticos. Na verdade, defender interesses próprios não é intrinsecamente ruim ou bom; ruim é escondê-los sob a cortina do bom-mocismo.
Por isso, não acredito e nunca acreditei que pudesse existir uma verdadeira filantropia nas ORM. Nestas organizações, as “trocas” acontecem com base em interesses não muitos declarados e algumas vezes descaradamente declarados.
Repito: isso ficou bem claro no período do governo do tucanato que beneficiou as ORM porque recebeu delas ditos serviços ou produtos. A justificativa foi que as ORM ofereceram “serviços especiais” a um cliente porque recebe dele dinheiro ou boa (!!!) publicidade. O Convênio da FUNTELPA com as ORM foi um exemplo disso.
Nesse mosaico antidemocrático, as ORM podem ser tomadas como um exemplo do mau uso de boas causas. Enganam-se, deste ou desse ou daquele modo, aqueles que pensam que o objetivo principal das ORM é informar e noticiar com objetividade e imparcialidade.
Posso citar a cizânia entre a Companhia Vale do Rio Doce e as próprias ORM. Quando a Vale deixou de patrocinar alguns eventos das ORM e ainda por cima cobrou algumas faturas não efetivadas pelos Maiorana, logo tivemos a oportunidade de ver uma luta ferrenha entre essas duas organizações empresariais. Não sei que tinha razão nessa história, mas sei que depois da ruptura com a Vale “virou a pior empresa do Brasil”, meses depois de um novo acordo, a mesma Vale novamente voltou a ser uma empresa que tem “responsabilidade social com o Pará”. Essa é a visão empresarial das ORM.
Podem-se conciliar esses dois fatores (dinheiro e ética)? Sim, claro que sim. Meu camarada Lúcio Flávio Pinto é um exemplo.
Portanto, convenhamos, o que aconteceu no exemplo com a Vale é um carecimento de ética e uma tremenda falta de respeito com seu leitor. Contudo, eu tenho que dizer que isto é o que faz a maioria das empresas de comunicação aqui no Pará e no Brasil. Por conseguinte, o que move as ORM é o dinheiro e não a ética. Não há uma causa social ou uma ideologia fundamental que sustente os trabalhos das ORM.
O vazio conceitual das ORM poderia ser uma grande vantagem se elas se convertesse em liberdade individual para seus profissionais. O que ocorre, no entanto é totalmente dessemelhante. Diante da falta de direcionamento ético, jornalistas das ORM preferem a comodidade de submeter seus trabalhos à contabilidade da empresa. A ética jornalística não deixa de ser importante neste caso, ela apenas é subjugada por critérios outros, como a audiência, as vendas e o bom nome da empresa e seu poder de influenciar.
Eu faço esta assertiva porque faz muita diferença ler um jornal imaginando estar diante dos fatos mais importantes do dia e lê-lo percebendo em cada linha a mão pesada do departamento financeiro. No primeiro caso, acreditamos que a imprensa noticia a realidade. No segundo caso, vemos que ela filtra a realidade conforme suas próprias inclinações. Às vezes a notícia e o teor da notícia correspondem aos fatos que ela pretende informar, mas trata-se de uma coincidência, pois neste caso também se observa a submissão às leis de mercado, porque é rentável e de bom-tom não interferir em notícias tão precisas quanto os resultados dos jogos de futebol ou as cotações da bolsa.
Contudo, na época do tucanato era geralmente nos assuntos menos precisos que o peso das empresas de comunicação faz os maiores estragos. Se o seu time venceu o jogo mais recente e um jornal resolve criticar as falhas da zaga em vez de destacar os pontos conquistados, não se trata de um erro sério. Mas sem, para citar um exemplo recente, a imprensa não hesita ao apedrejar o mesmo dirigente que ajudou a colocar no poder, sem reconhecer nisso qualquer contradição, a história é diferente.
Algo semelhante ocorreu com a Rede Globo. Até onde minha memória pode alcançar -- a época do presidente Figueiredo - a TV carioca sempre apoiou o governo federal. Jamais nutriu qualquer tipo de conflito e se o fez em algum momento foi apenas para defender, com unhas, dentes e ferocidade, o nome da Rede Globo, que, como todos sabem, é maior do que qualquer pessoa, partido ou governo.
Nas eleições de 1989 a bola da vez era Fernando Collor -- a Globo o apoiou. Tão logo surgiram as primeiras denúncias de irregularidades sobre seu governo a mesma Globo que ajudou em sua eleição pôs-se a serviço da oposição e dos caras-pintadas.
Por quê?
Primeiro porque Collor tornou-se o lado mais fraco; fruta podre, ele cairia de qualquer forma -- torcer apenas para times vencedores é garantia de satisfação constante. Segundo porque, embora fosse uma patifaria das mais grossas, a contradição não seria percebida pelo público. Com a complacência dos espectadores e os benefícios da trairagem, a Rede Globo não teve dúvidas sobre qual direção seguir.
Nestes casos, como em muitos outros, a imprensa está do seu próprio lado. O que ela chama de imparcialidade na verdade é conveniência e rentabilidade. Quando a imparcialidade deixar de ser rentável, a maioria dos jornais serão parciais.
Até que isso aconteça, o jornalismo das ORM continuará sendo uma troca de favores, um triste comércio de benefícios e influências. Ao leitor, resta dispensar ou pelo menos não levá-las tão a sério.
E é por isso e por outras que coloco como paradigma o Jornal Pessoal do meu camarada Lúcio Flávio Pinto.
4 comentários:
Amigo e sobrinho Lauande, leio todo dia teus artigos. São muitos bons. Tua forma de fazer, ver e dizer impressionam todos nós amantes da dialética humana.
Podem dizer que sou suspeito por ser teu tio, mas sou mesmo porque tenho orgulho de tê-lo assim: extremamente inteligente, mulherengo e camarada.
um abração.
hahaha
Até o teu tio reconhece que tu és mulherengo, hein, meu Lauande. Meu Dudu, vc é realmente um homem muito inteligente e isso cativa as mulheres. Seja sempre assim!!! beijos e beijos daqui da tua Bragança.
Gostei do teu texto. Até concordo que O Liberal é uma excrescência. Tudo bem, Lauande. Mas, eu não li nada sobre a RBA do Jader no teu texto. Será porque estás apoiando a governadora Ana Júlia? Teu silêncio me deixa cabreiro com tua tese capenga. Além do mais, essa história do Lúcio ser paradigma é balela. Ele é um tremendo de um jaderista.
Gostei Lauande. Só faltou falar da Revista Veja
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