EMOÇÃO E SAUDADE NO CULTO ECUMÊNICO.
Na última sexta-feira, na Igreja Anglicana, em Belém-Pa, conforme anunciado aqui no blog, aconteceu o culto ecumênico pela passagem do 7° dia da partida do Lauande.
A Igreja estava lotada, repleta de amigos e familiares. A forte emoção foi inevitável. Cada vez que alguém fazia comentários sobre a alegria e a descontração do Lauande, ríamos, como se ele lá estivesse, fazendo as suas “lauandices”. Mas, noutro momento, quando lembrávamos que ele nunca mais estaria fisicamente entre nós, as lágrimas expressas ou contidas eram também inevitáveis.
Os amigos da SEPOF (ou melhor, “as suas meninas”, como carinhosamente nosso amigo se referia as suas colegas de trabalho) releram a carta que lhe deram em sua despedida, quando de seu desligamento daquele órgão. Foi tocante.
Um outro momento marcante da cerimônia foi o relato da Professora ‘Edilza’ (? Desculpem-me, não gravei muito bem o nome dela, pois eram tantos os amigos e as amigas ali presentes... Mas, compreendi sua mensagem perfeitamente). Ela dividiu conosco alguns dos últimos projetos profissionais de Lauande:
“_Resgatar a história de personagens marcantes da história do Pará, como o Barata. Tornar-se o Editor Chefe da revista da Escola de Governo. Dentre outros”. Afinal, ele estava sempre cheio de utopias, sonhos e projetos.
Foi nesse relato que pudemos lembrar da alegria dele, cada vez que a Professora mencionava alguma de suas tiradas espirituosas e irônicas. Rimos e choramos. Enfim, lembrámos dele com saudades.
Os amigos do Museu Goeldi também apresentaram uma belíssima homenagem. Ao final da cerimônia distribuíram aos presentes uma “muda de Lauande”, para que pudéssemos “plantá-lo”. Em outras palavras, distribuíram um pé de mogno, espécie da floresta amazônica, pela qual Lauande se apaixonara, tendo plantado várias delas em sua propriedade no município de Mocajuba. Nas palavras desses amigos:
“_ Plante LAUANDE e colha amizade, alegria, solidariedade e tantas outras virtudes deste grande amigo. (...) Plante como homenagem a nosso amigo e deixe o espírito solidário e justo do Lauande soprar suas folhas”.
Bem, comecei no mesmo dia a regar o meu pé de Mogno-Lauande. Espero que cresça forte e visçoso, como eram as convicções humanistas e democráticas dele.
Durante esta bela cerimônia, outro momento de muita emoção foi quando da leitura da Ata de Abertura do Movimento Lauande Vive! Cuja custódia foi dada pelo Reverendo/Oficiante à irmã de Lauande, Milene. Tendo sido o texto redigido por seu grande amigo, Desembargador Trabalhista José de Alencar. Na respectiva Ata foram registrados os princípios essenciais do Movimento:
“Art. 1° Lauande Vive!
Art. 2° Revogam-se as disposições em contrário”.
Também houve o profundo e emocionante depoimento/agradecimento de Milene que, entre a lembrança de momentos felizes com seu irmão e a profunda dor pela perda dele, reforçou a todos nós o vigor e a pujança com que pretende continuar a luta pelos ideais de nosso amigo.
Toda a cerimônia foi marcada por música de altíssima qualidade, talentosamente cantada e tocada por Paulinho. Esta também foi uma forma de homenageá-lo, pois ele adorava Chico Buarque e Bossa Nova.
Por fim, ganhamos uma singela lembrança desse inesquecível menino travesso, uma foto com a esta belíssima e cativante mensagem (cuja autoria não descobri), a qual retrata com perfeição este ser tão especial e singular que tivemos o breve, mas inesquecível prazer de conviver e conhecer:
“Entre as palavras devemos expressar a sinceridade, as cumplicidades no pensar, as divergências nos julgamentos, as certezas das ações. Enfim, criar do convívio um posfácio de algo que ainda não tinha sido terminado. E o Lauande é isso, uma obra inacabada. Uma obra, porque ele se construía a cada dia e fazia questão de reconstruir um mundo a sua volta, respeitando sempre a imperfeição humana. E nessa incerteza do ouvir definia a essência de seu ideal comunista. Enxergava espaços para mudanças em tudo. Escolheu a política, a dialética e a sociologia como instrumentos dessa mudança. Como temperos: o amor, a paixão e o respeito. Escreveu, pensou, instigou irreverente, gostava de criar expectativas e provocar “lauandices”, travessuras personalizadas... Eduardo era tudo, menos banal. Ele não se pertence mais, é nosso! Na memória, nos corações, nas saudades. E lembraremos como ele sempre quis, pensando que sua vida seria um exemplo para que pudéssemos fazer de hoje um mundo melhor para outros. Inté, amigo confrade do mais alto clero. Ganhaste de nós um posto de referência da vida. Nossas saudades de sua ausência são agora eternas. Suas escritas iremos reler e citar por anos e anos, e vamos e nos aprimorar com elas.
LAUANDE
Nascido 26.10.1965
Falecido em 28.07.2007 (só para os ingratos, mas para os amigos será eterno)”.
Sim, ele estava lá! Senão em espírito, certamente, se fez presente no pensamento e no coração de cada um de seus amigos e amigas que lhe devotaram afeto, admiração e respeito em vida e que agora lhe devotam homenagens, saudades e luta, após sua partida.
Assim, compartilho com vocês, além deste relato, minhas palmas, minhas lágrimas e minhas sinceras reverências a este doce e inesquecível amigo (...)
Postado por Nely Miranda
3 comentários:
Nely o texto é do Peter, e logo abaixo você ler o texto completo.
Houve necessidade de fazer corte em razão do espaço para impressão na gráfica.
Fiz o material a pedido do Carlinho, cunhado do Lauande.
Newton Pereira
Caro Newton,
Obrigada pela informações. Não tinha certeza, mas vi os 'traços' do Peter, no texto. Ele captura de forma ímpar a essência dos afetos e a singularidade das pessoas. Por isso seu texto, refelte de forma inequívoca a natureza e os traços mais marcantes de nosso amigo.
Foi uma excelente iniciativa a confecção do "Santinho do Lauande". Tudo que ocorreu na cerimônia de "sétimo dia do lauande no céu" foi emocionante e inesquecível.
Obrigada e parabéns aos integrantes do Movimento que organizaram este emocionante evento de lembranças e homenagens. Como bem diz o Alencar: _Lauande, merece tudo isso e muito mais!
Abraços,
Nely
Parabéns e obrigada.
O que foi lido e escrito ao Dr. Lauande pelas meninas da Diplan representava apenas um até breve, uma investida para novos desafios ao LAUANDE, que estava se afastando da DIPLAN por problemas de saúde, mais para nossa supresa o que acabavamos de produzir na verdade era de fato um adeus para sempre.
Com respeito e admiração.
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