1 de agosto de 2007

A Pluralidade de Lauande.

Nosso Estimado Lauande era mesmo como uma "liga". Pois tinha a incrível capacidade de juntar/unir/estreitar num mesmo espaço físico ou virtual, amigos e amigas de todos os matizes.

Costumávamos conversar, através de uma lista particular, fora do blog ou das listas. Peter Toledo é uma dessas pessoas bem especiais e singulares que compunha o infindável circulo de amizade do Lauande. Eu costumava chamar Peter de nosso: cientista-poeta com olhos de mar. Isto porque ele tem a rara capacidade de traduzir em simples e singelas palavras alguns dos nossos mais profundos sentimentos . Abaixo, mais um comentário tocante de Peter sobre nosso Lauande e suas Lauandices:

"Nessas divagações que fazemos para encontrar nexo na perda, é engraçado como o Lauande pode ser caracterizado de maneira tão plural, ou multifacetada,como ele gostava de ver o mundo e as idéias dos homens. É necessário umalista de qualidades para defini-lo. Lista que não é ambígua, apenas longa. E por aí tento analísá-lo como um personagem em quadrinhos. Ele tinha um 'quê' de Fradim, assim como também uma pitada de Mafalda num perfil galanteador doPrimo Altamirando. A diferença é que ele transformava FEBEAPAs em retóricas, lições e réplicas. Um anti-herói. E nessa linha, lembro do filme Anti-Herói Americano estrelado pelo Paul Giamatti e que se baseou na vida do caricaturista harvey pekar. Mas ao contrário, o humor e sátira do Lauande nos fazia rir além de refletir. Uma caricatura foi então uma homenagem justa. Suas frases contadas em quadrinhos seria tanto quanto instigante."

Postado por: Nely Miranda



2 comentários:

Anônimo disse...

Lauande, meu amigo, irmão e compadre é imortal por deixar idéias e palavras numa tese que tive a honra de participar como membro da banca, nos seus contos e nos artigos que os lia e sentia-me envolvido pela agilidade da sua escrita. Ainda, plantou várias árvores (mogno) em Mocajuba e semeava a paz e o respeito pelo ser humano. Sempre sentirei saudades e falta da sua escuta. Janari

Unknown disse...

Caro Peter, Janari, Amigos e Amigas,


Veja que intrigante: lendo tudo que se tem dito sobre o Lauande e lembrando de seus infindáveis atributos, eu estava pensando, aqui com meus botões, bem parecido com isto que Peter disse:
_ Lauande era tão plural que mais parecia um PERSONAGEM DE SUA PRÓPRIA HISTÓRIA.

Mais ainda, como você mencionou, em sua singela, poética e belíssima mensagem, se ele partisse daqui a 30 anos, ainda assim, teria sido cedo demais! Fico imaginando que se 30 anos se passassem até que ele se fosse, então Lauande teria sido um homem centenário, isto porque fico com a impressão que a vida dele foi tão intensa e tão vasta, ou seja, são tantos amigos, tantos escritos, tantas lembranças, tantos episódios e acontecimentos vividos por ele e por nós junto dele e tão variadas as circunstâncias e razões dessas vivências, que mais parece que ele viveu 80 anos em apenas 4 décadas.

Estava também pensando que a história de vida dele, um dia - quem sabe - poderia ser objeto de um documentário ou como você disse, de um filme - de ficção talvez. Também acredito que seus textos, cartas, objetos, fotografias e outras coisas poderiam ser bem guardadinhas para fundar o Museu Lauande Vive!

Francamente, amigos e amigas, não acho que essas idéias sejam um exagero! Nem se trata de homenagem post mortem. Nada disso, Lauande foi ovacionado muitas vezes ainda quando estava fisicamente entre nós. Basta, por exemplo, navegar na lista Democracia ( http://br.groups.yahoo.com/group/democraciaBR/) para constatar em mensagens de 2004 e 2005 que por várias vezes ele, Lauande, era o centro dos debates, atenções e elogios. Os diálogos duravam várias semanas e a sucessão de textos e alusões elogiosas a ele eram tantos que só cessavam quando, o próprio Lauande já encabulado, lançava na lista um novo assunto, bem polêmico, para mudar a direção da prosa.

Bem, estive pensando o seguinte: todos nós lemos, estudamos, criticamos e analisamos pensadores, poetas, filósofos e escritores de décadas e até de séculos passados, cuja obra e contribuição para a humanidade continuam vigorosas e atuais. Não seria muito diferente com o tesouro deixado pelo Lauande. Mesmo aqueles textos mais antigos, da década de 80, relativos ao movimento estudantil, que certamente ele produziu, refletem um momento histórico visto pelo olhar dele, que já era singular desde então, com certeza!.

Mas, para mostrar como minha lembrança sobre o Lauande se assemelha com a sua meu caro Peter, no que concerne a associá-lo a outros homens e mulheres únicos da nossa história, digo que o hoje mesmo o associei por exemplo:

_ a Pablo Picasso - pelas pinturas maravilhosas? - Não! Mas sim, por amar as mulheres sem medo e sem pecados;

_ a Carlos Drummond de Andrade. Pelos poemas profundos? Nem tanto! Mas, pelos poemas eróticos e inusitados (tal como, parte do poema de Drummond - "... A bunda que Engraçada") que Lauande postou aqui em seu blog.

_ a Mário Quintana - pelas crônicas? Não muito! Mas pela picardia e pelas palavras irônicas, como também lúdicas e lúcidas de ambos;

_ a Clarice Lispector (Sim, Lauande também tinha uma alma feminina, eu disse-lhe isso muitas vezes, dada sua extrema sensibilidade e incrível compreensão da natureza e do universo femininos). Pela complexidade dos textos de Clarice? Um pouco. Mas sobretudo, pelos temores e tormentos que às vezes lhes sobrevinham e ele compatilhava num carta/email mais reservados com cada um de nós.

_ a Nélson Rodrigues. Pelas peças teatrais picantes? Também. Mas, essencialmente, pelo amor ao futebol (ou melhor ao Paysandu) e pela capacidade de ver no amor e na paixão, fontes de prazer e perdição.

Enfim, quando penso no modo de ser do Lauande, em sua produção literária e em sua vida, vejo que ele muito se assemelha aos mais brilhantes - às vezes incompreendidos e outras vezes idolatrados - gênios, artistas e cientistas excepcionais do nosso tempo, que fizeram a história da humanidade e que de quando em quando, ao conhecermos seu legado e a sua história de vida, mesmo tendo passado tantos anos, décadas ou séculos, aprendemos grandes lições. A diferença de Lauande para estes outros pensadores, poetas, cronistas e cientistas é que esse homem extraordinário e plural era nosso amigo, viveu nosso tempo e interagia no dia-dia com cada um de nós(...)

Lauande era assim. Um livro, um pensamento, uma brincadeira, uma melancolia, uma alegria vivos e vívidos. Não importa que o tempo passe. Ele já é atemporal.

Abraços,
Nely
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PS: Caro Janari precisamos de um email atual seu. Você pode informar para nely.miranda@gmail.com.