Percebi que este é o momento mais oportuno para incluir esse material no Blog do tio DUDU. Apesar do Papão não passar por uma fase de êxito, penso que essa missiva ao senador Roberto Freire pode revigorar nosso sentimento pelo Papão e quicá nos dá ânimo para crer que dias melhores virão e poder combater qualquer insulto daquela coisa. vamos a missiva:
Belém, 22 de dezembro de 2002.
Meu amigo e senador Roberto Freire
Com muito orgulho, sou torcedor do Paysandu Sport Clube! Com este rompante de orgulho, posso proferir que esse clube é, senão, o mais ascendente de todos, porque tem uma torcida que é Fiel. A mais Fiel de todas. Não há nada similar. No Pará, no Brasil, no planeta Terra e no universo. Impressiona desde a Grécia antiga os filósofos, os psicólogos, os psiquiatras, os jornalistas, os sociólogos, os esportistas, os numerólogos, os estatísticos e os amantes do futebol em geral.
Como sua torcida é sua maior auréola, por conseguinte seu brasão é da eternidade. Na Fiel, é que o Paysandu localiza guarida nas jururus derrotas. Poucas, por sinal! E também é na derrota que a Fiel se engrandece. É atarantado o vigor da Fiel no seu senso patológico de ardência de paixão pelo clube do Salim Lauande Netto, Marcelo Risuenho Lauande, Flávio Risuenho Lauande e Fábio Henrique Risuenho Papão.
Ocorre que o meu intróito da minha jornada como torcedor do Paysandu, eu não me lembro. Parece que foi aos dois anos. Ou aos três? Só sei que meu pai era um fanático componente da torcida alvi-celeste e fui influenciado por ele. Aliás, ele não era um torcedor, era um psicopata bicolor. Quando chegava ao campo, parecia uma pessoa transfigurada. Sua irracionalidade patenteava o frenesi da insanidade.
Dois meses antes de morrer, em novembro de 1994, eu e o meu amigo bicolor Janari da Silva Pedroso levamos o já envelhecido Salim ao imponente e aprazível Estádio da Curuzu, palco de memoráveis pelejas vitoriosas do Papão. O jogo era Paysandu e Tiradentes. Dez horas da manhã de domingo. Muito sol. Pois bem, entre outras coisas, meu adorável pai Salim brigou com toda a guarnição da extinta e famigerada PATAM da Polícia Militar. Foi bordoada e porrada para todos os lados. Mas, meu Salim saiu intrépido diante de toda essa querela, porque sua fidelidade bicolor suplantava quaisquer adversidades maiores em nome da causa alvi-celeste. Eu e o Janari, contudo, pegamos muita porrada!
Foi nesse convívio com meu velho pai que o frenesi da insanidade nasceu e aflorou a minha irracionalidade bicolor. Mas foi este ano de 2002 que minha irracionalidade bicolor aflorou em demasia. Não foi pela conquista do Tricampeonato Paraense. Não foi isso! Não foi pela conquista do campeonato da Copa Norte. Não foi isso! Não foi pela conquista do Campeonato da Copa dos Campeões. Não foi isso! Pensando bem, esse Paysandu já ganha títulos! Éguaaaaa!!!! O Papão da Curuzu não deixa espaços pros outros! Até porque ganhar títulos no currículo do Papão é um episódio tão corriqueiro. Mas não foi por nada disso.
E então, quando minha irracionalidade bicolor aflorou em demasia?
Foi através de um convite feito pelo meu grande amigo e cunhado Carlos Farias. Lembro que era por volta das sete da noite de uma sexta-feira do mês de maio deste ano. O Carlinhos, com todo seu jeito de quietude pedreirense, me fez uma súplica: -Gordo, o que eu vou te pedir eu sei que é complicado pra caramba pra ti.
Carlinhos é um sujeito brincalhão até demais. Como torcedor do Paysandu, adoro o caráter do meu amigo petista. Mas confesso que nunca tinha visto o Carlinhos daquela forma ao pedir algo pra mim. Percebi que a coisa era grave. O seu rosto proporcionava algo sorumbático, diria o meu amigo remista e primo Marçal Marcelino. Com aquele ar de aflito, fiz uma interpelação: -Carlinhos, já senti que é algo preocupante. Diz logo qual é o dejeto de missão.
-Gordo, na verdade, é um dejeto aonde tu vais.
Foi aí que fiquei desassossegado. Pensei logo em algo como visitar um dejeto de clube. Do tipo...Como eu posso escrever... Como eu posso...ah!, já sei...Aquela coisa chamada remo. E fui imediatamente perguntando: -Porra, Carlinhos tu não queres que eu vá naquela coisa?
Vendo meu rosto, de um sujeito já puto com tal convite, Carlinhos foi logo avisando: -Pior que é!
Olhei pra cara do Carlinhos e fiquei azucrinado com tal arremate do meu cunhado: -Égua, Carlinhos, isso é praga?
Carlinhos, porém, ficou um pouco amudado porque percebeu que eu já estava entediado com aquele papo e foi logo se desculpando: -Claro que não!
Então, fui pra cima dele: -Ora, que porra é essa de convite? Visitar essa excrescência produz urticária na pele. Tô fora!
Carlinhos pede calma através da gesticulação das mãos e indaga: -Gordo, tu amas o teu sobrinho Salim?
Confesso que não entendi a analogia do Salim com aquela excrescência dita esportiva. Sério respondi: -Claro. Mas o que isso tem a ver com o dejeto do remo.
Percebendo minha aflição, Carlinhos foi direto no seu requerer: -É que o Salim vai participar do campeonato mirim de natação paraense e vai acontecer na sede daquela coisa. Para completar, nem eu, nem a Milene vamos estar em Belém amanhã. Por isso, que estou te convocando. Sei que é difícil isso, mas tu és o padrinho e tio dele e meu amigo.
Carlinhos soube atingir o meu coração. Meu sobrinho Salim é minha paixão. Mesmo não acreditando em encarnação, mas começo a duvidar que ele seja um quefazeres do meu velho pai Salim. Os dois são Salim. São bicolores. São meus amigos. A palavra amor é bem menor ao que sinto por esse sacana moleque. Não há nenhum adjetivo na língua portuguesa que simbolize por perto o que sinto pelo meu sobrinho bicolor.
Por esse estado de conjunção de paixão e amizade que refletir com o Carlinhos a complexidade da tarefa: -Carlinhos, eu posso até ir. Mas eu tenho que beber algum revigorante para me prevenir sobre qualquer dano insolúvel que possa ocorrer na minha vida. Como aquilo fornece, entre outros males, urticária na pele, eu tenho que ir numa farmácia e comprar um remédio para que eu possa beber e o Salim.
Carlinhos com um ar concordante, reitera: -Concordo contigo. Eu vou comprar já um revigorante.
Percebi que o Carlinhos estava ansioso. Não demorou vinte minutos, o Carlinhos voltava com um revigorante e o meu prodigioso Salim pra dormir na minha casa.
Salim me beijou e disse: -Tio Dudu, tu já sabes a que lugar tu vais amanhã?
Com um sorrido e um balançar de cabeça meio tímido, disse que sim. Salim não acreditou naquilo: -Égua, tio Dudu, tu vais mesmo naquela coisa?
Orgulhoso da minha paixão por ele, Salim ouviu o que queria: -Vou por causa de ti! Ele me beijou e abraçou novamente. Foi quando o Salim disse que nossa ida tinha mais uma razão de ser: -Tio Dudu, eu vou participar pela Academia Exótica da Marambaia. Meu professor Paulo inscreveu agente no campeonato paraense. Somos dez participantes da Academia Exótica. Minha modalidade é crau.
Nisso eu perguntei: -Salim, me tira uma dúvida: aquela coisa vai participar também do campeonato?
Salim, meio sem jeito, justificou tal participação da excrescência esportiva: -Tio Dudu, eles estão na casa deles. Não tem jeito, eles vão participar.
Olhei pro Salim e disse apenas: -É, o que fazer?!
Salim não contente pelo meu desânimo, demonstrou todo seu entusiasmo pelo seu triunfo futuro no campeonato: -Tio Dudu, uma coisa eu sei, deles eu não perco!
Eu também já eufórico, gritei de contentamento: -Puta que pariu, é assim que se fala!
Ele me beijou e abraçou mais uma vez. E proferiu: -Tio Dudu, eu vou dormir que eu quero ganhar amanhã e vou te oferecer esse presente. Salim percebeu que fiquei lacrimoso com aquela frase.
No entanto, eu não dormi aquela noite. Mas meu pupilo dormiu como um anjo ciente de sua missão. Tranqüilíssimo na perspectiva de seu êxito, acordou sossegado com o sol das seis da manhã. Eu, que já estava bebendo meu café na cozinha, fui logo abraçando meu sobrinho e indagando: -Dormiu bem?
Tirando uma remela do olho esquerdo com toda categoria, foi logo me animando: -Tio Dudu, minha preocupação é com a comemoração. O senhor vai pagar uma pizza com Coca-cola pra mim depois da minha vitória sobre aquela coisa?
Com um sorriso de lado a lado, fiquei emocionado: -Salim, eu vou comprar uma pizzaria pra ti! Porra!!! E nós vamos ficar porre de tanta Coca-cola. Salim começou a rir.
Foi quando deparei que tinha algumas tarefas a cumprir. Fui preparar sua mochila. Coloquei sua sunga azul celeste. Também seu óculos e touca de natação e a toalha com o símbolo do Papão. Ah!, o revigorante e uma colher grande de sopa.
Enquanto isso minha mãe Gracy preparava uma vitamina de mamão com banana com bastante leite Ninho para o nosso atleta. Não satisfeito, ele pediu mais um copo grande da vitamina. Minha mãe e eu, ficamos animados com aquele apetite do Salim. Minha Gracy logo ajuizou:-Salim, tá com cara de campeão!
Já tudo preparado, perguntei ao Salim: -Vamos?
Com um jeito cômodo de ser, Salim considerou, para minha surpresa, um amuleto: -Tio Dudu, nós vamos de sacrabala que dá sorte! Isso significa que o Salim queria ser transportado pela linha de ônibus Sacramenta-Nazaré. Mesmo agnóstico, não desconsidero as superstições das pessoas, principalmente do meu sobrinho naquele momento tão crucial pra nós e concordei:-Claro!
Nossa viagem demorou quase 50 minutos até a Avenida Nazaré na sede (sic) daquela coisa. Chegamos no portão da sede daquela coisa por volta das sete e quinze da manhã. Ainda em frente ao portão, o Salim pediu para que eu tirasse o revigorante e a colher grande de sopa. Salim foi enfático: -Tio Dudu, antes de entrar nesta bosta de lugar, vou beber o revigorante. O senhor também deve beber!
Aquele ato me deixou arrebatado pela convicção bicolor do meu sobrinho. Nunca tive dúvidas dessa certificação de fidelidade do Salim com o Papão, mas sua demonstração naquele momento me deixou mais uma vez bem-disposto com a enigmática intensidade do crescimento da torcida Fiel, ali representado pelo meu miúdo Salim.
Como componente duma torcida que cresce geometricamente como nenhuma outra, Salim bebeu aquele revigorante com toda cautela do mundo. Depois passou a colher pra mim e também bebi. Todo esse ritual deixou-me, repito, mais animado. E com o pé esquerdo entramos naquela coisa.
Como é óbvio que nunca entrei e nem pretendia entrar naquela coisa, fiquei chocado de imediato com uma denominação honorífica que ficava no hall do salão da sede daquela coisa: “Clube do remo: filho da Glória e do Triunfo”. Essa denominação honorífica foi logo justificada pelo meu sábio Salim: -Tio Dudu, eu percebi que tu leste essa frase. Não te preocupa. O Tio Marcelo me disse o que isso significa. Glória era uma puta da 1º de Março que morreu em 1935. E o Triunfo era o caraxué dela. Ele morreu em 1941. O importante é que o Triunfo era torcedor do Paysandu. Ou seja, Tio Dudu, esta coisa é filho da puta e produzida pelo pênis do Papão. Não agüentei e larguei uma gargalhada ali mesmo.
Nesse mesmo momento, encontramos o professor Paulo. Percebendo minha aflição por já ter pisado naquela coisa, foi logo se justificando: -Já sei o que vais dizer, mas não tinha jeito. A Federação organizou a competição pra cá. Mas é até bom porque vamos ganhar na casa deles. Sem muito aceitar a justificativa do professor Paulo, acolhi do meu jeito: -É a vida!
Salim percebendo meu novo desânimo, me reanimou: -Tio Dudu, eu vou ganhar esta coisa. Vamos logo pra perto da piscina.
Eu percebi, em direção à piscina da competição, o tanto que é emporcalhada aquela sede. E nesse espaço poluído, nós ficamos esperando por mais de 40 minutos para que o meu desenvolto Salim pudesse competir. Equilibrado e tranqüilo como sempre, Salim observava as competições de outras modalidades.
Quando faltavam apenas duas competições para a entrada do Salim na piscina, o professor Paulo foi me avisar: -Eduardo, prepara o Salim que faltam apenas duas modalidades pra iniciar a competição dele.
Cônscio de minha responsabilidade, eu iniciei todos os preparativos. Ajudei o Salim a retirar sua bermuda e sua blusa. Malfazejo que é com os adversários, ficou nu ali mesmo. Logo depois, retirei sua sunga e sua toca de natação. E já vestido para a competição, Salim começou seu aquecimento. De forma bem cadenciada, Salim fez alguns alongamentos.
Não demorou muito, o juiz da Federação de Natação do Pará chamou, pelo microfone, os participantes. A primeira chamada foi para o representante daquela coisa. Depois foi a Tuna Luso (dois representantes), Pará Clube, Colégio Nazaré e o Salim pela Academia Exótica. Quando ele chamou o Salim bateu aquele frio na minha barriga. Nervoso! Paradoxalmente, eu olhava pro Salim e ele lá com uma calma que invejava os tibetanos.
A caminho da borda da piscina, o juiz foi logo localizando o Salim na sua devida raia 04. Sempre lado a lado dele, fiz um pedido, ao pé do seu ouvido: -Meu vitorioso Salim, tu podes até não ganhar, mas não perde para aquele da raia dois. Ele que é o representante daquela coisa. Isso vai ficar na história. Lembra disso!
Meu calmoso Salim, apenas com um sorriso disse-me: -Nunca vou te decepcionar e ao meu Papão que hoje eu represento aqui! Com aquela crença indescritível e a perseverança do sucesso, fiquei certo da conquista. Pensei no meu pai, nos meus irmãos Marcelo e Flávio e no meu primo Fábio Henrique, ali do meu lado. Seria muita emoção. Inesquecível aquela fala do Salim e que o meu velho Salim, meus manos Marcelo e Flávio e o primo Fábio não iriam agüentar segurar a batida dos seus corações.
E de tão animado, fui para a lateral da piscina de 25 metros e comecei apoiá-lo. Gritei: -Vamos lá, Salim. Do meu lado havia mães e pais também apoiando outros competidores. Neste instante, o juiz atira a largada.
O arranque do Salim não foi bom. O primeiro a pular e ganhar dianteira foi um dos atletas da Tuna. O segundo lugar ficou embolado num pelotão de quatros competidores. E o Salim largou em último. Sucede-se que já perto de oito metros de prova, o Salim emparelha com o pelotão do segundo lugar.
Nessa sucessão de ultrapassagens, berrei: -Salim, bate mais as pernas. Avaliei que faltava mais impulso por parte do Salim no jogo de pernas. O pormenor é que o Salim era o mais franzino competidor em termos de estatura física.
Foi quando percebi que a eficiência do grito surtiu efeito, porque já perto dos quinze metros de prova, Salim fica claramente em quarto lugar e bem adiantado do quinto (Colégio Nazaré) e do sexto (Pará Clube).
Nesse momento da prova, o primeiro e o segundo colocados eram os representantes da Tuna. E o terceiro era o representante daquela coisa. Ajustar-se que a distância entre o terceiro e o quarto era bem pequena. E faltando apenas dez metros para o término da competição, percebi que o Salim jamais ganharia aquela prova.
A sensação de perda, me deixou desesperado. Havia uma gritaria generalizada. E a piscina ia diminuindo para as possibilidades de ultrapassagens. Eu já almejava, sinceramente, apenas aquele terceiro lugar. Até porque o Salim ainda emparelhava o representante daquela coisa quando ainda faltavam somente três metros. Quão intensamente berrei novamente: -Salim, o filho da puta está na tua frente!!! Tens que ganhar, porraaaaaaaa!!!! Mesmo de relance, percebi o olhar aflito do Salim.
Mas, a grandiosidade da estória nasce no incrível jogo de pernas e um aumento das passadas de braço do Salim. E numa fração de segundos, o meu exímio e arrebatador nadador superou, por apenas uma braçada, o representante daquela coisa.
Nunca saberei descrever aquele instante. Impossível de escrever através dos vocábulos. Só sei que quando percebi, também em fração de segundos, que o Salim ganhou daquela coisa, eu pulei literalmente de calça comprida, de óculos e de alegria na piscina. Agarrei euforicamente meu atleta. Ainda sem saber do resultado, ele de pronto perguntou: -Tio Dudu, eu ganhei do filho da puta?
Com meus óculos embaçados e com muitos palavrões na cabeça, respondi:-Ganhou!!!!Buceta!!!! Salim mais sorridente do que nunca, pulou sobre meus ombros e começou a berrar a todos: -Papão, ê, ô, ê ô; Papão, ê, ô, ê ô; Papão, ê, ô, ê ô.
Diante de todas as nossas algazarras, os juízes da federação de natação pediram calma pra mim e pro Salim. Avisaram-nos que tínhamos que sair da piscina porque o Salim tinha que receber a medalha de terceiro lugar - a de bronze. Todo molhado levei carregado o meu sobrinho até o palco da premiação. Só o deixei em pé, já no pódio. Era na vaga do terceiro lugar.
O pessoal do cerimonial me pediu para que saísse do palco, para iniciar a cerimônia de premiação. A cicerone colocou primeiro a medalha no peito do vencedor e entregou ao próprio para que ele falasse algum agradecimento. O primeiro colocado agradeceu aos seus pais e a direção da Tuna. Também o segundo colocado agradeceu aos seus pais e a direção da Tuna. Todo impávido, Salim recebeu a medalha e fez um abreviado discurso: -Gostaria de reconhecer a importância do meu treinador Paulo. Queria também agradecer a meus pais que não puderam estar aqui. Queria também agradecer ao tio Dudu, esse gordinho todo molhado do lado do palco. Por fim, de cantar um trecho de uma música que me inspirou para ganhar esta medalha: “... uma listra branca/ outra lista azul/ essas são as cores do Papão da Curuzu...”.
Entre aplausos e vaias, não me contive e caí no choro! Chorei. Lembrei do meu pai, do Marcelo, do Flávio, do Fábio e do Carlinhos naquele momento vendo nosso Salim falando e cantando sobre o Papão. Não parava de chorar. Chorei pra burro. Soluçava com muitas lágrimas. Salim e o professor Paulo vieram, juntos, me abraçar. Que abraço! Depois de alguns minutos, já refeito da emoção, saímos imediatamente daquele lugar infreqüente aos vencedores do mundo esportivo.
Já na pizzaria SPAZIO VERDI, na Braz Aguiar, eu, o professor Paulo e o nosso grande vitorioso Salim saboreamos todos os tipos de sabores das pizzas e da sensação de ganhar, mais uma vez, dos sofredores que são filhos da Glória e do Triunfo.
Foi nesse ímpeto consagrador, que o Salim fez uma observação filosófica de cunho democrático: -Tio Dudu, o nosso insulto não deve ser levado a sério. Como tu poderias insultar o teu avô Seba Lauande por que ele era apenas um remista? Como tu podes insultar o teu amigo Melque que é apenas remista? Eu sei que no esporte o insulto é algo ameno diante das brincadeiras, mas não podemos deixar de dizer que é um insulto. Filho da puta é filho da puta!
Intrigado com aquela homília filosófica do Salim, o professor Paulo foi perguntando:-Quer dizer que nós não podemos mais encarnar naquela coisa?
Contundente, Salim retorquiu com um bom senso e por fora dos padrões futebolísticos: -Podemos encarnar naquela coisa. Encarnar faz bem. Encarnar pelas estatísticas com a nossa suprema superioridade, isso tudo bem. Mas não podemos insultá-los somente porque eles são substancialmente inferiores. É, tio Dudu, o tio Melque merece insulto? Ele que é seu grande amigo! O importante é que o senhor pode ligar pra ele e dizer: Melque, perdeste mais uma!
Eu e o professor Paulo ficamos calados. Salim diante de nossas taciturnidades, amenizou o clima: -Agora, que esses porras são sofredores isso eles são!!! E todos voltaram a rir de felicidade pela superioridade bicolor com seu maior adversário.
5 comentários:
Lamento comigo mesmo ter ido várias vezes a Belém e não procurado o Lauande, conforme combinávamos pela net, para nos conhecermos pessoalmente. Lendo "Salim e sua fiel vitória bicolor", entre risos e contemplação, fico a imaginar a intensidade humana dele.
Enquanto estamos cercados por muitas "coisas", sacanagem da grande esse cara ter ido embora. Muita sacanagem.
Porra! E eu, em que pese ser filho da glória e do triunfo (o verdadeiro, e não desta estória), não conheci pessoalmente este tar de Lauande!
Que figura!
Contem, escrevam, digam mais... quero mais!
Um dos melhores relatos esportivos que já li! entre emoções saudosas e gargalhadas em tamanha meia noite, fica a boa lembrança dos bons tempos com o Lauande e do também saudoso Paysandú!
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