22 de maio de 2007

Iraque e a Barbárie

Eu li no último domingo na Folha de São Paulo que apesar das tentativas internacionais de disciplinar combates, cristalizadas nas Convenções de Genebra, conflitos tornam-se cada vez mais sangrentos, em termos da proporção de civis mortos.

Eu lembro que eu li no site da ONU que no início do século 20, civis constituíam entre 10% e 15% das vítimas de uma guerra. Na 2ª Guerra Mundial, superaram os 50% e, no final do século, já perfaziam mais de 75% dos mortos.

O caso iraquiano desafia até pessimistas. A mais conservadora das estimativas, da ONG Iraq Body Count (IBC), coloca o número de civis mortos em cerca de 63 mil. Os óbitos da coalizão liderada pelos EUA chegam a 3.512. Por essas cifras, a proporção de civis mortos seria de mais de 90%. Essa conta, entretanto, apresenta um problema. Ela não leva em consideração as baixas de militares iraquianos, difíceis de precisar, pois ninguém se preocupa em diferenciá-los dos civis.

O que já era preocupante se torna ainda pior quando se leva em conta não a estimativa do IBC, baseada apenas em casos reportados, mas o estudo populacional da revista médica "The Lancet", que estabeleceu, para o período que vai de abril de 2003 até junho de 2006, o total de 654.965 mortes de iraquianos provocadas pela guerra, ou 2,5% da população.

Outra coisa que me deixa triste é que cresce também a impressão de que as forças xiitas e sunitas em guerra civil perderam todo vestígio de civilização. Já colocam até mesmo crianças em carros-bomba para passar mais facilmente nos bloqueios - e as explodem.

É paradoxal a situação em que o progresso técnico preserva a vida dos soldados americanos, mas a irresponsabilidade política de invadir o Iraque, aliada ao redespertar do conflito sectário, acaba com todos os limites para a carnificina de civis.

É a barbárie.

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